Revista O Empresário / Número 102 · Novembro de 2006
Advogado: qual é a data do seu aniversário?
Testemunha: quinze de julho.
Advogado: de que ano?
Testemunha: todo ano
Advogado: essa doença, a miastenia gravis, afeta sua memória?
Testemunha: sim
Advogado: você esquece.. Pode nos dar um exemplo de algo que você tenha esquecido?
Advogado: que idade tem seu filho?
Testemunha: 38 ou35, não me lembro.
Advogado: há quanto tempo ele mora com você?
Testemunha: há 45 anos
Advogado: qual foi a primeira coisa que seu marido disse quando acordou aquela manhã?
Testemunha: ele disse, “onde estou, Bete”?
Advogado: e por que você se aborreceu?
Testemunha: meu nome é Célia.
Advogado: seu filho mais novo, o de 20 anos...
Testemunha: sim?
Advogado: que idade ele tem?
Advogado: sobre esta foto sua... o senhor estava presente quando ela foi tirada?
Advogado: então, a data de concepção do seu bebê foi 8 de agosto?
Testemunha: sim, foi.
Advogado: e o que você estava fazendo nesse dia?
Advogado: ela tinha três filhos, certo?
Testemunha: certo
Advogado: quantos meninos?
Testemuha: nenhum
Advogado: e quantas eram meninas?
Advogado: senhor Marcos, por que acabou seu primeiro casamento?
Testemunha: Por morte do cônjuge.
Advogado: e por morte de que cônjuge ele acabou?
Advogado: poderia descrever o suspeito?
Testemunha: ele tinha estatura mediana e usava barba.
Advogado: e era um homem ou uma mulher?
Advogado: doutor, quantas necropsia o senhor já realizou em pessoas mortas?
Testemunha: todas as necropsia que fiz foram em pessoas mortas
Testemunha: aqui na corte, para cada pergunta que eu lhe fizer, sua resposta deve ser oral, OK? Que escola você freqüenta?
Testemunha: oral.
Advogado: doutor, o senhor se lembra da hora em que começou a examinar o corpo da vítima?
Testemunha: sim, a necropsia começou às 20h30min
Advogado: e o Sr. Décio já estava morto há essa hora?
Testemunha: não... Ele estava sentado na maca, se perguntando porque eu estava fazendo aquela necropsia nele.
Advogado: o senhor está qualificado para nos fornecer uma amostra de urina?
Advogado: doutor, antes de fazer a necropsia, o senhor checou o pulso da vítima?
Testemunha: não
Advogado: o senhor checou a pressão arterial?
Testemunha: não
Advogado: o senhor checou a respiração?
Testemunha: não
Advogado: então, é possível que a vítima estivesse viva quando a necropsia começou?
Testemunha: não
Advogado: como o senhor pode ter essa certeza?
Testemunha: porque o cérebro do paciente estava num jarro sobre a mesa.
Advogado: mas ele poderia estar vivo mesmo assim?
Testemunha: sim, é possível que ele estivesse vivo e cursando Direito em algum lugar!