Revista O Empresário / Número 169 · Agosto de 2012
Tenho a intenção de processar a revista “Fortune”, porque fui vítima de uma omissão inexplicável. Ela publicou uma lista dos homens mais ricos do mundo e, nesta lista, eu não apareço. Aparecem: o sultão de Brunei, os herdeiros de Sam Walton e Mori Takichiro. Incluem personalidades como a rainha Elizabeth da Inglaterra, Niarkos Stavros, e os mexicanos Carlos Slim e Emilio Azcarraga, mas eu não sou mencionado na revista.
E eu sou um homem rico, imensamente rico. Como não? Vou lhes mostrar:
Eu tenho vida, que recebi não sei por que, e saúde, que conservo não sei como. Tenho uma família, esposa adorável, que ao me entregar sua vida me deu o melhor para a minha: filhos maravilhosos, dos quais só recebi felicidades e netos, com os quais pratico uma nova e boa paternidade.
Tenho irmãos que são como meus amigos e amigos que são como meus irmãos. Tenho pessoas que sinceramente me amam, apesar dos meus defeitos e a quem amo apesar dos meus defeitos. Tenho quatro leitores a cada dia para agradecer, porque eles lêem o que eu mal escrevo.
Tenho uma casa, e nela, muitos livros (minha esposa iria dizer que tenho muitos livros e entre eles uma casa).
Tenho um pouco do mundo na forma de um jardim que todo ano me dá maçãs e que iria reduzir ainda mais a presença de Adão e Eva no Paraíso.
Tenho um cachorro que não vai dormir até que eu chegue e que me recebe como se eu fosse o dono dos céus e da terra. Tenho olhos que veem e ouvidos para ouvir, pés para andar e mãos que acariciam; cérebro que pensa coisas que já ocorreram a outros, mas que para mim não haviam ocorrido nunca.
Eu sou a herança comum dos homens: alegrias para apreciá-las e compaixão para irmanar-me aos irmãos que estão sofrendo; e eu tenho fé em Deus que vale, para mim, amor infinito.
Pode haver riquezas maiores do que a minha? Por que, então, a revista “Fortune” não me colocou na lista dos homens mais ricos do planeta? E você, como se considera: rico ou pobre? Há pessoas pobres, mas tão pobres, que a única coisa que possuem é DINHEIRO.
(Texto atribuído ao jornalista mexicano Armando Fuentes Aguirre – Catón)