Revista O Empresário / Número 169 · Agosto de 2012
O ideal nesse momento é investir ou guardar dinheiro?
Eu diria para os meus amigos empresários olharem para o mercado com muito carinho, que visualizassem seus planos de investimentos, suas ideias de expansão, que procurassem fontes de recursos, pesquisassem o melhor preço, os melhores juros. Taxa de juros é preço de dinheiro. Têm de pesquisar preço, ver quais são as suas necessidades, com inteligência e, claro, se tiverem um projeto nas suas empresas, irem atrás dos recursos que precisam, que façam isso com muito zelo, com muito capricho. Eu costumo dizer: não pegue dinheiro sem saber o que quer fazer com ele, mas agora é uma hora oportuna para fazer isso. Quanto mais gente tiver no mercado, buscando dinheiro com um valor compatível com o seu negócio, mais os bancos vão ter de se adaptar a essa necessidade. Eu uso aquele esquema: se você tiver dinheiro e não emprestar, também irá perdê-lo.
Com mais gente comprando, aumenta o risco de inadimplência. Como as empresas podem medir esse risco?
Se aumentar o meu volume de venda e a inadimplência crescer, eu cometi algum erro. Se você tem um preço menor para vender sua mercadoria, procure um comprador que tenha condições de arcar com a obrigação da compra. Eu não posso esperar que na hora que eu diminuir o preço, aumente a inadimplência, porque isso seria uma incoerência total: eu deixei de praticar aquilo que decidi, que é vender com critério, com inteligência, para justamente vender mais com menos risco. Um risco mínimo sempre existirá. Parece-me que a economia brasileira passa por certo exagero: muita vontade de vender, com pouco critério. Eu não quero falar nomes, mas alguns exageram. Seria assim: compro, depois vejo como vou pagar.
Você pode falar isso à medida que a economia se expande a 7% ou 8%; o pessoal terá recursos, terá como pagar. Só que o crescimento da economia não é algo tão simples assim. (Ivo Barbiero, economista e presidente da ProScore, Bureau de Informações e Análise de Crédito).