Colocar um site de empresa no ar pode parecer algo simples, mas requer uma série de cuidados - independentemente do tamanho da empresa. “Hoje os pequenos empresários já sabem quão importante é ter um site, seja para passar informações para o cliente, seja para realizar vendas”, diz a advogada especializada em Direito Digital Patricia Peck. “Mas a maioria ainda não sabe que é preciso fazer todo um trabalho com o corpo de funcionários sobre o uso da internet e que o site precisa apresentar uma série de características.”
O primeiro passo, segundo Patrícia, é orientar a equipe da empresa sobre o que é permitido e o que não é, utilizando a internet da empresa. “Se a pessoa quer mandar um e-mail pessoal, não pode fazer isso com o endereço da empresa. Nem baixar arquivos desconhecidos que possam trazer vírus para o computador”, ela exemplifica. “Claro que não é necessário proibir a pessoa de navegar ou usar serviços online que ela gosta, mas é preciso ter bom senso.” Ela lembra que, atualmente, e-mails são válidos como documentos, portanto devem ser tratados como tal.
Outro ponto é orientá-los a não divulgar informações da empresa fora do trabalho, evitar comentários em blogs e em comunidades virtuais. “Às vezes uma informação que o funcionário revela sem nem notar pode atrapalhar os negócios”, diz a advogada.
Na Closet, uma camisaria virtual em que o cliente monta pela internet a camisa que quer receber sob medida, as regras de segurança de rede estão definidas no contrato de trabalho. “Quando o funcionário vem trabalhar conosco, ele já sabe desde o contrato que todas as informações de nossos clientes são sigilosas”, diz o diretor-executivo da Closet, Rogério Schandert. “Nós atendemos um público A e B, acostumado a fazer compras pela internet. Alguns são pessoas bastante conhecidas, mas não divulgamos nem fazemos propaganda sobre isso”, diz o gerente. “E quem trabalha aqui recebe os pedidos, mas é orientado a não comentar sobre as encomendas que recebeu, de quem eram ou o que foi pedido.”
Um banco de dados seguro também é um pré-requisito para evitar complicações. “A perda dessas informações pode incidir responsabilidade civil pela guarda malfeita de dados de clientes ou terceiros. Além de utilizar um software adequado, a empresa deve manter seus antivírus atualizados”, diz Patricia Peck. “É uma recomendação óbvia, mas é a que normalmente falha.” Ela diz também que todo site deve ter Políticas de Privacidade (a maneira como os dados do internauta são captados e utilizados) e Termos de Uso (o que o internauta pode ou não fazer na página da empresa).
Há uma série de sites que podem auxiliar e evitar problemas com direitos autorais ou roubo de criações pela internet. No site da Biblioteca Nacional (www.bn.br) é possível registrar as interfaces gráficas da sua home page, evitando que ela seja copiada por outras páginas de internet. Já no Registro.br (www.registro.br), é possível descobrir se existem sites com endereços muito parecidos com o da sua empresa.
CIBERCHATOS
Outro assunto que Patrícia destaca é a diferença entre o marketing digital e o spam. “Spam é todo tipo de mensagem eletrônica não solicitada e que não permite o fácil descadastramento do banco de dados do remetente. Pode ter cunho comercial, como também de boato eletrônico, corrente. Não há nada mais desagradável para o usuário comum do que receber esses e-mails”, diz a advogada. “Enviá-los é dar um tiro no próprio pé, pois a empresa fica malvista.” Ela aconselha a só enviar e-mails a quem expressou a vontade de recebê-los. Se algum spammer usar o nome da empresa indevidamente para e-mails falsos, a primeira providência é comunicar aos clientes que as afirmações são mentirosas - o que pode ser feito pelo site.(Notícia exclusiva online)