Há aproximadamente 30 anos, Mário Henrique Simonsen decretava o salário mínimo: Cr$ 76,80 (setenta e seis cruzeiros e oitenta centavos). Na época, todos se perguntavam por que este número cabalístico e não 80 ou até mesmo 77 redondos?
O Pasquim então, publicou uma capa, com uma charge de Simonsen em frente a um quador negro cheio de cálculos, dizendo: “Vou explicar para vocês como foi definido o valor do salário mínimo” e, dentro jornal, apresentava os cálculos:
*Preço de um cafezinho: 0,12
*Preço de um pãozinho francês: 0,04
*Uma pessoa normal vive muito bem tomando cafezinho e comendo pãozinho (sem manteiga) quatro vezes ao dia.
Portanto:
(0,12 + 0,04)X4 = Cr$ 0,64
Uma família tem, em média, 4 pessoas, logo 0,64 X 4 = Cr$ 2,56. O mês tem 30 dias (isto, até quem ganha salário mínimo sabe). Assim 2,56 X 30 = Cr$ 76,80, nem mais nem menos.
Será que esta “explicação” serviria para justificar os R$ 350,00 do salário mínimo de hoje? Vejamos:
* Preço de um cafezinho : R$ 0,70
* Preço de um pãozinho francês: R$ 0,20
(0,70 + 0,20) X 4 refeições = R$ 3,60
R$ 3,60 X 4 pessoas = R$ 14,40
R$ 14,40 X 30 = R$ 432,00
É... a conta não fechou. O cafezinho e o pão francês estão muito caros ou o salário mínimo está muito baixo? Para que todos entendam:
1 - O PASQUIM - era o único jornal que debochava de tudo e de todos, em plena ditadura militar. Foi uma espécie de avô melhorado do Casseta e Planeta, só que numa época em que fazer piada do governo dava cadeia em vez de audiência.Simonsen, professor de Economia era Ministro da Fazenda. Uma espécie de Palocci, só que com muito mais poder.