Revista O Empresário / Número 147 · Outubro de 2010
A polêmica dos uniformes dos trabalhadores de saúde fora do ambiente de trabalho é antiga. Enquanto muitos especialistas afirmam não haver provas do risco da prática, outros garantem que o mau hábito é perigoso para a população e os pacientes. “Não há evidências que comprovem que isso seja um perigo para as infecções hospitalares. Mas é algo de muito mau gosto”, defende o professor de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas e ouvidor do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, Ewaldo Aggrippino.
Para o professor do Instituto de Microbiologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Marco Antônio Lemos Miguel, não há dúvida: o risco existe. Marco é responsável por um estudo recente que revelou: alguns tipos de bactérias conservam-se por dias até dois meses na peça de roupa e pelo menos 90% delas resistem no tecido durante 12 horas. “O jaleco, assim como outros uniformes de profissionais da saúde, é um problema. As bactérias dos hospitais são muito mais resistentes e, ao entrar em contato com as pessoas suscetíveis, se tornam um perigo. Hoje em dia, é cada vez mais difícil tratar as pessoas infectadas”, A pesquisa de Marco motivou alterações nas leis. “Hoje, sair do trabalho com vestimentas ou equipamentos hospitalares é proibido por portaria no Ministério do Trabalho. A Anvisa também tem uma norma que proíbe esse comportamento”, informa.