Desde que lançou o best-seller “Por que executivos inteligentes falham?”, há quase dez anos, o professor Sydney Finkelstein, atual reitor associado da renomada escola de negócios americana Tuck Business School, tem sido amplamente requisitado por profissionais em todo o mundo quase com a mesma questão: “É possível evitar erros nos negócios?”. A resposta é não.
Por que os mais poderosos dificilmente admitem seus erros?
As pessoas não gostam de ser culpadas nem de assumir a responsabilidade por coisas que não deram certo. Isso acontece tanto nos negócios como na vida como um todo. Preferimos atribuir o fracasso às circunstâncias que estão fora do nosso controle. É da natureza humana. É importante lembrar, no entanto, que quando se está dirigindo uma empresa complexa, um erro pode afetar diversos aspectos do negócio e ter um preço bastante alto.
Os dirigentes têm dificuldade em admitir o erro quando o cenário está negativo?
Não é fácil reconhecer que um erro foi cometido ou que tudo deveria ter sido feito de outra maneira. Em toda companhia, quando existe uma falha no nível gerencial, rapidamente todos ficam sabendo. É muito difícil manter segredo. O líder terá mais credibilidade se não fingir que o erro nunca aconteceu ou se admitir que a empresa seguiu a direção errada, mas está consertando os problemas e mudando de rumo. Muitos administradores pensam que agir assim significa admitir o fracasso, mas, se fizerem isso da forma como estou descrevendo, ganharão muito mais credibilidade e respeito, demonstrando coragem aos gerentes e aos funcionários.
É possível um excelente executivo arruinar a carreira por ter tomado apenas uma decisão ruim?
É uma pena, mas isso acontece com certa frequência. Alguém com um histórico tremendo pode cometer um erro grave ou se envolver em uma série de decisões erradas que podem fazer com que não o vejam mais como bem-sucedido.
O presidente americano Richard Nixon, por exemplo, era visto como um homem que tinha várias políticas interessantes. Graças ao caso Watergate, no entanto, será eternamente lembrado como o presidente que fracassou. No campo dos negócios, já encontrei casos parecidos não apenas nas minhas pesquisas, mas também nas primeiras páginas dos jornais.
Quais são os piores hábitos dos executivos mais poderosos?
Algumas coisas são muito boas para o líder, mas, se as fizer por muito tempo ou de forma intensa, elas se tornam prejudiciais.
Um exemplo clássico é a autoconfiança, que é uma necessidade para qualquer um que queira ser bem sucedido na vida e nos negócios.
O problema surge quando ela faz você não ouvir e nem acreditar em mais ninguém, ignorando outros pontos de vista. Aí, o líder se torna limitado.
Outro hábito nocivo é repetir as mesmas soluções que funcionaram no passado para resolver novos problemas, sem fazer os ajustes ou as adaptações necessárias às novas circunstâncias.