O amor próprio é um sentimento valioso, mas para os que constroem a autoestima com base em bajulações e acreditam que seu valor como ser humano aumenta graças a estilo de vida com ostentação, cuidado. Na primeira dificuldade, a confiança em si mesmo vai ruir. A tese é do psiquiatra francês Christophe André, 52 anos, que trabalha no Hospital Universitário de Sainte -Anne , em Paris.
Porque exibir bens materiais é o maior indício de autoafirmação?
Christophe André - carros, joias, roupas de grife são atributos usados numa tentativa de convencer o outro de que se tem valor graças à posse desses símbolos sociais de reconhecimento. É um caminho perigoso, que cria dependência.
Quando todos os olhares se afastam e a máscara é retirada, é revelada uma carência profunda de recursos internos para se garantir.
A autoestima pode ser aprendida?
André - Sim. A verdadeira autoestima se aprende confrontando as dificuldades, sem ajuda de ninguém. É um fortalecimento interno de valores. É, também, pensar em outra coisa além de si mesmo.
Qual o perfil de uma pessoa que tem a verdadeira autoestima?
André - Ela não se prende à autocompaixão. Diante das adversidades, simplesmente diz: “Ok, qual a melhor maneira de reagir a esse problema?”
Sempre se pergunta que lição aprendeu com a experiência e o que pode ser usado no futuro. Sabe que dificuldades fazem parte da vida. Quem tem a real autoestima consegue compreender, se adaptar e descobrir soluções para o que não corre bem.
O sr. diz que a solução do ego que vai mal não é pensar menos em si, mas pensar de outra forma. O que isso significa?
André - Simplesmente se livrar de valores falsos. É assumir não ser o que se deseja mostrar, mas aquilo que se sente. Não ter uma vida baseada na grife que usa, mas naquilo que oferece ao outro como ser humano. O valor essencial é a felicidade. Não o poder.