Ameaçados de morte pelo crime organizado, juízes federais rejeitam as sucessivas propostas para que sejam transferidos de cidade, ou removidos. “Isso não resolve o problema e seria um prêmio aos criminosos”, adverte o juiz federal Rubens Canuto Neto. Ele conta que o Tribunal Regional Federal (TRF) da 5 Região, com sede no Recife, ofereceu lotação provisória a ele, quando soube do plano para matá-lo. “A proposta foi rechaçada na hora”, diz Canuto. Ele explica que, se saísse de seu foro em Arapiraca, os criminosos seriam vitoriosos e toda a pressão cairia sobre o seu substituto.
“Transferir o juiz é humilhante”, afirma Odilon de Oliveira, que teve de sair de Ponta Porã para Campo Grande. Apesar da mudança, Odilon concentra sob a sua competência todos os processos envolvendo lavagem de dinheiro no Mato Grosso do Sul, inclusive os de Ponta Porã. Ele disse que já pediram a sua remoção para outro Estado, alegando altos custos na sua proteção, que envolve 12 agentes da Polícia Federal e dois carros blindados. Odilon não pode sair de casa nem ir à academia. “Tenho praticamente um quartel dentro de casa”, afirma.
Para o juiz federal Julier Sebastião da Silva, a criação da Polícia Judiciária daria mais funcionalidade para a proteção dos juízes.
“Hoje, quando precisamos de segurança, temos que mendigá-la junto ao Executivo”, lamenta.
Canuto também entende que é essencial um corpo de segurança qualificado dentro do Judiciário. “Os foros, hoje, não têm a mínima condição de segurança”.
O presidente da Ajufe, Walter Nunes, conta que estão aumentanto também os casos de “ameaças dissimuladas” a juízes. São casos de pneus furados, assaltos às residências do magistrados até o envio de dossiês, com depósitos ilegais na conta dos juízes e a descrição de supostas amantes. “Fazem um verdadeiro ataque contra os juízes. A estratégia é desestabilizar o julgador”.