A pedido da Procter & Gamble, a Fundação Getúlio Vargas fez uma pesquisa com trinta ladrões que já agiram em supermercados brasileiros. Mais do que obter uma imagem fidedigna de quem rouba - a amostra não é estatisticamente representiva - a intenção foi entrevistar alguns deles e investigar suas atitudes e comportamento.
Produtos em locais bastante visíveis e câmaras de circuito interno costumam ser inibidores, mas não chegam a impedir um roubo. Segundo os infratores, a loja não pode estar nem muito cheia - a ponto de um cliente poder vê-lo em ação - nem muito vazia, para evitar a atenção dos seguranças. Eles são como clientes normais, andam com carrinhos ou cestas, mas assim que entram na loja procuram mapear a posição dos seguranças.
Para despistar, antes de chegar à seção desejada, checam preços e olham rótulos. Verificam a posição das câmeras e dos guardas antes de agir - o que acontece sempre de forma muito rápida- e dificilmente saem da loja sem passar pelo caixa e comprar alguma coisa.
Ainda que a pesquisa tenha uma amostra pequena, há dados curiosos sobre o retrato dos ladrões. As mulheres somam 47%, os homens, 53%. Um total de 54% têm de 18 a 29 anos, 43% de 30 a 39 anos e apenas 3% já passaram dos 40. Quase dois terços são casados, 30% são solteiros e 7% divorciados. Pouco mais da metade têm emprego: 53% trabalham ou possuem algum tipo de renda. Mas o que mais surpreende é a escolaridade: 40% têm faculdade incompleta, 3% são graduados, 20% têm o segundo grau e 37% terminaram o primário. No total gasto pelo varejo com soluções para o furto, 60% destinam-se ao roubo externo, 27% ao roubo interno ( de funcionários ou antes de chegar às lojas), 9% a falhas no processo e 4% são usados para combater fraudes entre empresas.