Era um domingo de junho de 1978. Pânico na Assembléia Legislativa de São Paulo. A fumaça invadiu o salão nobre, quando começavam a ser contados os votos da dramática convenção da Arena, que ia decidir entre Paulo Maluf e Laudo Natel para governador de São Paulo.
Cláudio Lembo (atual governador) presidente do partido, o deputado Cunha Bueno fiscal de Maluf, o deputado Nabi Chedid fiscal de Laudo Natel e o delegado Riberti da Polícia Civil pegaram as duas urnas e saíram tossindo e apressados para a sede do Tribunal Regional Eleitoral, no Parque Anhembi.
Ninguém confiava em ninguém. Todos queriam ir em um carro só, para vigiar as urnas e os votos. Não havia carro que levasse todos juntos. Entraram numa radiopatrulha parada em frente à Assembléia, um grande camburão e tocaram para a Rua Francisca Miquelina.
Maluf
No viaduto Maria Paula, fechou o sinal, a radiopatrulha parou com aqueles homens todos ali dentro, amontoados em torno das urnas. Um crioulão passava, viu aquilo, abriu os dentes numa risada surpresa e feliz:
- Aí, seus brancões, chegou o dia de vocês!
A patrulha arrancou levando os brancões e o sonho desfeito de Laudo Natel. Paulo Maluf ganhou e foi o governador. Podia não ter sido se, sentado em cima das urnas, vigiando o tempo todo, não estivesse o procurador do Tribunal Regional Eleitoral, o jornalista e poeta de Araxá Olavo Drummond.