A revista ISTOÉ publicou um exce-ente entrevista com Camilo Vannuchi. O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome e nacional e internacional. Uma das perguntas e a resposta estão a seguir.
ISTOÉ - Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki - A sociedade quer definir o que é certo. São quatro as loucuras da sociedade.
A primeira é: instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais.
A segunda loucura é: você tem de estar feliz todo dia.
A terceira: você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo.
Por fim a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe. Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito. Há gente que diz que não será feliz enquanto não se casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo à praia ou ao cinema.
Quando era recém-formado, em São Paulo, trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: “Dr. não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora quero aproveitá-la e ser feliz”.
Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali, eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz ter se arrependido por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida.