Revista O Empresário / Número 157 · Agosto de 2011
Uma galinha achou alguns grãos de trigo e disse aos seus vizinhos: se os plantarmos, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar? Disse a vaca: eu não. O pato emendou: eu também não. O porco, mais do que rápido, gritou: nem eu!
A galinha, conformada, plantou tudo sozinha. Quando o trigal estava dourado, ela perguntou: quem vai me ajudar a colher? Eu não, disse o pato. Não faz parte das minhas funções, disse o porco. Exclamou a vaca: não, depois de tantos anos de serviços! O bode emendou: eu me arriscaria a perder meu seguro desemprego...
Então, eu mesma colho, disse a galinha, e colheu todo o trigo com capricho. Finalmente, chegou o dia de fazer o pão. Quem vai me ajudar? Quis saber dona galinha. Só pagando hora extra, disse a vaca. O pato falou: eu não posso pôr em risco meu auxílio doença. Eu não sei fazer pão, disse o porco. Caso só eu ajude, é discriminação, falou o bode.
Bem, eu mesma os faço, falou a galinha, meio desolada. Fez então, cinco pães e os colocou em uma cesta, exposta na janela para que os vizinhos pudessem ver. De repente, todos queriam pão e exigiam um pedaço, mas a galinha disse: não! Eles são todinhos meus. Vou comê-los todos, um a um!
Gritou a vaca: lucros excessivos! Sanguessuga capitalista, disse o pato. Exclamou o bode: eu exijo direitos iguais! O porco só conseguiu grunhir. Unidos, pintaram faixas e cartazes com “injustiça” e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades. Chegou um agente do governo e disse para a galinha: você não pode ser assim tão egoísta! Ela respondeu: eu ganhei este pão com meu próprio suor, com o meu esforço! Disse-lhe o funcionário do governo: exatamente, essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazendo pode ganhar o quanto quiser, mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais produtivos têm que dividir o produto do seu trabalho, com os que não fazem nada.
E assim, todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha que cacarejou com um sorriso amarelo: eu estou grata, eu estou grata... Os vizinhos viviam se perguntando por que a galinha nunca mais fez pão.