Revista O Empresário / Número 150 · Janeiro de 2011
Para que gostem de ler,os alunos devem ver o livro dentro de um contexto ou acharão a leitura chata. O alerta é do escritor Marçal Aquino, ganhador do prêmio Jabuti em 2000.
O que o sr. acha sobre o desempenho dos brasileiros em leitura no Pisa?
Marçal Aquino – Eu sempre achei que persiste no Brasil um modelo equivocado de aproximação da leitura, em que o professor dá o livro e uma prova em seguida. É raro o professor fazer uma leitura na classe com alunos. Para um aluno que está começando a ler, é necessário a contextualização, aprender que o livro tem um significado. Na maioria das vezes, o aluno acha a leitura um troço chato, acha o escritor pentelho e não compreende a dimensão do que deve ser a leitura. Cria-se um inimigo da leitura.
Essa leitura em sala de aula pode fazer com que o aluno se sinta mais atraído?
Sem dúvida. Eu gostava de ler, mas não maturidade para entender os grandes clássicos da leitura brasileira. O que tende a acontecer? O aluno não compreende do que se trata. Porque aquilo não tem nada a ver com a experiência de vida dele.
O fato de as escolas se pautarem muito pelo vestibular faz com que se perca o gosto pela leitura?
Isso é uma das razões. A leitura é tratada como uma competição, você tem que decorar a obra. O cara passa a odiar o escritor, porque ele não entende o que o escritor está propondo.
O que é o Pisa?
O Pisa ( Programa Internacional de Avaliação do Aluno) é uma prova que avalia –a cada três anos –estudantes na faixa dos 15 anos -de países membros da OCDE (países desenvolvidos) e países convidados (como o Brasil).