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Revista O Empresário / Número 131 · Junho de 2009



Dever para o governo, sai mais barato do que para os bancos. É menos oneroso para o futuro operacional de uma empresa do que faltar com o pagamento a fornecedores, que podem cortar o suprimenteo de insumos, e até para os próprios funcionários, que podem parar uma companhia.

Atrasar o pagamento de tributos à Receita custa 0,33% ao dia sob a forma de multa - limitada ao máximo de 20%, após 61 dias - e mais juros pela taxa Selic.

Para o tributarista Clóvis Panzarini, além de o sistema de arrecadação estimular a inadimplência por conta do custo menor, também incentiva arrastar o débito por prazos longos. Isso porque, em prazos curtos, a multa pesa mais.

Sem contar que sempre pode vir uma anistia para dívidas em atraso. Além de custar menos, ainda ‘corre’ o risco de ter um perdão.

Para Carlos Henrique de Almeida, economista da Serasa, diante de dificuldades pontuais de caixa, as empresas costumam preservar os pagamentos a fornecedores, a bancos e a funcionários, sendo o governo uma das últimas prioridades.

Tanto que a inadimplência no sistema financeiro e na Serasa, que inclui também os fornecedores, cresce em ritmo inferior ao dos atrasos com a Receita. Na Serasa, a inadimplência saltou 24% de fevereiro para março, último dado disponível. Nos dados do BC, a alta foi de 15,7% no capital de giro e de 14,7% na conta garantida.

“A lógica da empresa é vender. Se não vende, não tem receita e deixa de pagar. O que mexe com o cotidiano operacional é o que ela vai deixar [ de pagar]por último. O governo, ela pode pagar depois, mesmo com multa, e a vida continua”.
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