"A mensagem que você está prestes a ler é verdadeira!"
Você já deve ter recebido vários e-mails com esse cabeçalho. Ele é um prenúncio de que se está diante de algo bem mais antigo que a internet: a lenda urbana.
Trata-se de uma história bizarra, que supostamente aconteceu com o amigo de um amigo de alguém. Os temas são múltiplos. Vão desde a ameaça de crianças de rua armadas com ácido para assaltar motoristas até um relato emocionante de Bill Gates pagando a hipoteca de um casal que o ajudou a trocar o pneu do carro.
Mesmo estaparfúdias, essas fábulas circulam sempre. Na era da internet, ganharam poder viral de divulgação. Como no antigo telefone sem fio, a cada caixa de entrada ela pode ganhar detalhes macabros, diferentes morais da história e mais endossos do tipo:
“Gente, vocês precisam repassar isso”!.
O que faz as pessoas clicarem na ferramenta “encaminhar” se a probabilidade de contrair leptospirose ao beber em uma lata de cerveja é praticamente nula? O que pesa é justamente essa pequena probabilidade. Por mais estranha que possa parecer uma história, se contada com verossimilhança ganha “potencial de espalhamento”. Foi o que concluiu o pesquisador Carlos Renato Lopes, que defendeu uma tese de doutorado sobre lendas urbanas na Universidade de São Paulo. Usando a teoria da análise do discurso, um campo da linguística, Lopes percorreu 12 mil mensagens com histórias desse tipo. “O apelo da lenda urbana é forte”. “Ela atinge nosso imaginário, usando temas recorrentes”, diz.