Revista O Empresário / Número 103 · Novembro de 2006
A medicina já vaticinou que as sensações negativas e o estresse podem elevar a pressão sangüínea. Pesquisadores da Universidade do Texas decidiram investigar se o contrário também é verdadeiro, ou seja, se emoções positivas também afetariam diretamente o coração dos mais velhos.
Publicada na revista Psychosomatic Medicine, a pesquisa, inédita, envolveu 2654 americanos, mais da metade mulheres, com idade mínima de 65 anos. Cerca de 32% dos participantes tomavam medicamentos para hipertensão, e o restante não. Todos foram submetidos à medição de pressão e a um questionário, no qual precisavam dar pontos de 0 a 12 às emoções positivas.
Nos dois grupos, verificou-se que quanto mais alta a pontuação, menor era a pressão arterial. No entanto, as pessoas que não tomavam remédios apresentaram melhores resultados. Para os pesquisadores, o estudo pode levar a novos tratamentos que envolvam o bem-estar do indivíduo.
O cardiologista Emílio Cesar Zilli, da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no entanto, pondera. Segundo ele, é comum haver confusão entre hipertensão e tensão emocional. "É importante destacar que o estresse não é a causa da pressão alta. Indivíduos predispostos podem desenvolver a hipertensão em situações de tensão. Já outros, que não têm predisposição, podem levar uma vida altamente estressante e continuar com a pressão baixa", explica Emílio.
De acordo com o cardiologista, existem pessoas com um tipo de personalidade com mais propensão a doenças cardiovasculares. Elas se enquadram no tipo A e são mais agressivas, competitivas e ambiciosas. "Mas indivíduos tranqüilos também infartam", pontua o especialista. Obesidade, diabetes, tabagismo, bebidas alcoólicas em excesso, entre outros, podem favorecer o surgimento da hipertensão.
No Brasil, metade das pessoas que apresentam a doença não sabem que a tem. A hipertensão ocorre quando os valores de medição ultrapassam os 14 por 9. "Ela é uma inimiga silenciosa. Como não há sintomas, o indivíduo não faz os devidos exames; e a doença só aparece quando já existem lesões nos órgãos-alvo", explica José Ayoub, cardiologista do Instituto de Moléstias Cardiovasculares.
Para a maioria das pessoas a pressão alta não tem cura, mas tem tratamento, que pode ser com ou sem medicamentos. Praticar exercícios físicos diariamente, reduzir o sal na comida, controlar o estresse, manter o peso e ingerir bebidas alcoólicas somente em pequenas quantidades pode normalizar ou ajudar a controlar a pressão alta, evitando também riscos de derrame cerebral, infarto do coração, insuficiência cardíaca ou paralisação dos rins.