Revista O Empresário / Número 126 · Dezembro de 2008
Subtraia do expediente dos trabalhadores e da conta das empresas brasileiras 91,2 horas por ano: esse tempo, cerca de 11 dias, é destinado apenas à resolução de conflitos. Nada menos que 1,9 hora por semana.
É o que aponta o estudo feito pela consultoria brasileira Fellipelli, em parceria com o centro de pesquisa inglês Oxford Psychology Press.
“Concluímos que existe um imenso desperdício de tempo e recursos, muitas vezes em virtude de questões pequenas”, afirma Adriana Fellipelli. “Os conflitos podem ocasionar fracasso de projetos importantes, guerra de egos entre funcionários, queda de produtividade, desmotivação, além da perda de clientes, negócios e até mesmo dos talentos da empresa”.
Na média global, quase a metade dos funcionários (49%) vê as diferenças de personalidades e luta de egos como os maiores geradores de conflitos. Estresse (34%) e pressão por conta da elevada carga de trabalho (33%) também figuram entre os motivos para desavenças. Por aqui, o estresse responde por 43% dos conflitos. A segunda maior causa de reclamações são os choques de valores (24%). Nesse caso, a discussão começa quando o outro dá pouca importância a coisas que julga relevantes.
Os conflitos criam um clima pesado nas empresas. Ao todo, 27% dos funcionários viram o atrito dentro do ambiente de trabalho levar a ataques pessoais. Dois terços dos entrevistados dizem fazer o possível para evitar ao menos um colega no dia-a-dia. Além de tornar o trabalho mais díficil, as desavenças provocam absenteísmo e perdas de pessoas importantes para a empresa. Um em cada sete entrevistados admite ter faltado ao menos um dia só para não encontrar com seu desafeto. E 18% dizem ter pedido demissão por conta disso.
As empresas precisam entender que o conflito é um dos principais entraves para o bom funcionamento do negócio.
Os chefes devem ficar atentos às causas estruturais do conflito, e não somente às pontuais.
Boa parte dos gestores não investe nem tempo nem dinheiro em ações que valorizem os funcionários, como a estruturação de um plano de carreira, por exemplo. Isso acarreta em desmotivação, irritação e outros sentimos que deixam as pessoas sempre à flor da pele. Muitas empresas brasileiras ainda não aprenderam a identificar o perfil dos seus funcionários. O resultado é uma inadequação absurda entre as competências que o empregado têm e o trabalho que realiza, o que só pode trazer conseqüências negativas.
Evitar conflitos não significa aniquilar as divergências. A saída é pacífica: melhor sempre buscar o debate, não o embate.