Quatro em cada dez brasileiros que estão hoje no mercado informal de trabalho como prestadores de serviços ou vendedores de produtos foram motivados a deixar o emprego formal em busca de autonomia e de flexibilidade no dia a dia, mas, ao darem esse passo, eles acabaram cumprindo uma jornada mais extensa do que teriam numa empresa, com a obrigatoriedade de bater o cartão de ponto. Isso é o que mostra um estudo feito pelo SPC Brasil e pela CNDL para traçar o perfil do trabalhador informal.
De acordo com a pesquisa, que consultou 612 proprietários de estabelecimentos e profissionais autônomos dos setores de comércio e serviços de todas as capitais, sem inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica e trabalhadores informais, 90% deles trabalham cerca de oito horas por dia, de segunda a sábado e 27% informaram que têm jornada aos domingos. O resultado da pesquisa mostra um paradoxo: a pessoa vai para a informalidade porque não quer depender de patrão, mas trabalha mais horas e fica vulnerável porque não está coberta pela lei.
A pesquisa mostra que 72% dos informais não pagam INSS. Apesar de 80% dos informais declararem que não adotam gestão financeira do negócio, na prática eles fazem isso de forma intuitiva. Um exemplo dessa “gestão financeira” aparece quando perguntados como eles fazem para enfrentar a inadimplência. De acordo com a pesquisa, 47% dos entrevistados só vendem fiado para clientes da sua confiança e 40% aceitam pagamento em dinheiro ou cartão. Também 5% dos entrevistados analisam o tempo que o cliente tem conta em banco para aceitar cheque. A maioria dos informais é mulher (50,2%), e o setor de comércio, com 59%, prevalece sobre o de serviços (41%), mas o tíquete médio dos serviços é de R$ 69,28, bem superior ao do comércio, de R$45.