Revista O Empresário / Número 149 · Dezembro de 2010
Por Jaqueline Mendes e Lilian Sobral
Ano-Novo é época de promessas. Ao lado de perder peso, começar a namorar e casar (ou descasar), pagar as dívidas ou investir melhor o dinheiro suado são as mais tradicionais.
No entanto, tão comuns quanto os planos esperançosos traçados no encerrar de dezembro ou nos primeiros dias de janeiro são as falhas na execução desses projetos. Parece impossível colocar as medidas em prática e, no fim do ano, a sensação é de que tudo terá de ficar para o ano seguinte.
Picadeiro: Leia com cuidado as letras miúdas e conheça todos os detalhes antes de investir
Para fazer com que o espetáculo seja diferente em 2011, DINHEIRO ouviu alguns dos mais renomados especialistas em investimentos e em finanças pessoais. A seguir, as recomendações desses profissionais para o investidor não acabar o ano sentindo que ficou com cara de palhaço.
1 - Planeje as finanças
Orçamento é vital. Fazer uma planilha com a receita e todos os gastos previstos é essencial para saber qual o perfil de consumo, quanto dinheiro sobra e como ele pode ser investido. “Aqui, organização e disciplina são fundamentais”, diz Ricardo Pereira, consultor financeiro do programa Consumidor Consciente.
2 - Controle as dívidas
O economista e professor da USP Keyler Carvalho Rocha recomenda cautela com as liquidações de começo de ano. Se for preciso comprar a prazo, some o valor da nova prestação mensal às dívidas já contraídas antes de fechar negócio. Esse total não deve superar 30% de sua renda mensal.
3 - Faça as contas dos juros
“A inflação deve subir em 2011”, prevê Keyler Carvalho Rocha. Isso prejudica quem tem de tomar dinheiro emprestado, mas beneficia quem investe na renda fixa. Os bancos vão aumentar os empréstimos e devem pagar melhor os investidores. A recomendação aqui é procurar as melhores remunerações em fundos e Certificados de Depósito Bancário (CDB)
4 - Cuidado com o brilho do ouro
O ouro foi a aplicação que mais rendeu em 2010, rendendo 24,6%. As expectativas para 2011 são boas, mas não tão brilhantes, diz Clodoir Vieira, da corretora Souza Barros. Quem quiser apostar no metal deve ir com calma. “Dedique ao ouro, no máximo, 30% da parcela investida em ativos de risco”, diz.
5 - Fuja do dólar
O dólar vem caindo, o que pode levar à impressão de que ele está barato. Não caia em tentação. “O dólar vem caindo no mundo todo”, diz o professor de finanças do Insper Ricardo Umberto Rocha. Em 2011, a moeda deve, quando muito, empatar com a da inflação. Mau negócio: há alternativas menos arriscadas.
6 - Atenção ao longo prazo
No início de 2011, o governo isentou de impostos as aplicações com prazos superiores a seis anos. A intenção é aumentar a oferta de capital de longo prazo para as empresas. Seis anos é um período longo, mas a isenção fiscal é uma excelente vantagem, especialmente com a possibilidade de os juros caírem mais no longo prazo, diz Ricardo Rocha.
7 - Observe as taxas dos fundos
Todos os fundos cobram taxas de administração, que são um percentual do valor aplicado. Alguns têm uma mordida adicional pelo desempenho. Ao comparar fundos do mesmo tipo, escolha o óbvio: o de taxas menores. Nos fundos de renda fixa, mais parecidos entre si, a taxa de administração média é de 1%.
8 - Leia as letras miúdas
Investir dinheiro não é um assunto complicado, mas é algo cheio de detalhes que muitas vezes passam despercebidos para o investidor e que serão cada vez mais importantes para o produto final. Atenção aos contratos e prospectos. “Estude tudo e resolva todas as suas dúvidas antes de investir”, diz José Góes, da WinTrade.
9 - Não fique parado, mas não se apresse
Não adianta se empolgar com o mercado financeiro ou um investimento sem avaliar seus objetivos e seu perfil pessoal. Antes de aplicar, avalie sua disponibilidade em assumir riscos. “Não adianta investir em bolsa se a ideia é ter liquidez no curto prazo”, diz Luiz Felizardo Barroso, da Cobrart Gestão de Ativos.
10 - Cuidado com as aberturas de capital
O ano promete um retorno das ofertas de ações em bolsa, mas é preciso tomar cuidado. O ideal é esperar o lançamento e avaliar o desempenho inicial dos papéis, mas, se a intenção é aproveitar os primeiros negócios, é essencial estudar a fundo o mercado da estreante. “É importante observar as ações das concorrentes da empresa para tentar prever o desempenho dos papéis”, diz José Góes