Recém-chegados ao mercado de trabalho e atraídos pelas tentações do consumismo, os jovens estão cada vez mais presentes na lista de devedores. Levantamento da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) mostra que a participação de pessoas com menos de 20 anos entre os inadimplentes da capital paulista pulou de 4% em março de 2009 para 8% no mesmo mês deste ano.
A taxa também é maior do que a registrada em 2008, quando 6% se enquadravam nessa situação.
Para o economista da ACSP, Emílio Alfieri, o aumento de jovens inadimplentes reflete a entrada dessa faixa etária no mercado de trabalho. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego registram 89.132 pessoas de 14 a 24 anos contratadas em março de 2008 na região metropolitana de São Paulo.
Esse número caiu para 78.709 no mesmo mês do ano seguinte e saltou para 109.711 em 2010. Segundo ele, essa faixa etária quer adquirir seus sonhos de compra quando recebe os primeiros salários ao entrar no mercado de trabalho.
O diretor presidente da Associação Brasileira do Consumidor (ABC), Marcelo Segredo, afirma que existem dois grandes problemas relacionados aos jovens. O primeiro é que essa geração cresceu vendo os pais utilizarem o limite do cheque especial e do cartão de crédito, além das compras com parcelamentos longos.
O outro ponto está relacionado ao padrão social. “Esse jovem tenta se enquadrar dentro de um grupo social em que é valorizado pelo que ele compra e não pelo que ele é. Por isso, acaba consumindo os produtos da moda, como roupas, calçados e eletrônicos, como celulares”, explica. Segredo também ressalta que o marketing sobre tais produtos é agressivo. “O jovem é um dos principais alvos”, observa.
A falta de educação financeira também é apontada como uma das causas do aumento do número de jovens inadimplentes pelo professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Silvio Paixão.
“O jovem não está preparado para lidar com um orçamento apertado”, diz. “Os primeiros financiamentos são perigosos. Geralmente, eles se atrapalham com o primeiro cartão de crédito”, afirma Claudia Kodja, gestora de investimentos e doutora em história da economia.(exclusiva online)