O bêbado saiu do último botequim no carnaval, entrou no ônibus aos tombos. Mal vestido, sujo, tossindo, tropeçando, tremendo, com um jornal na mão, sengou-se ao lado de um padre. A cada arranco do ônibus, tombava para o lado do padre, que irritado, o empurrava sem piedade, com nojo. O bêbado abriu o jornal, tentou ler, não conseguia. Cotovelou o padre:
- Padre, o que é artrite?
-É uma doença muito ruim, muito triste, muito feia, muito nojenta, que dá nas pessoas que bebem muito.
- E mata, padre?
-Mata, sim, e mata rápido. Ou o doente pára de beber ou morre logo.
- Padre, o senhor jura que não está me enganando?
-Juro por essa cruz que está aqui no meu peito. E tem coisa pior. Quem morre de artrite, porque não parou de beber, não vai para o céu, nem mesmo para o purgatório, vai direto para o inferno.
-Então, padre, coitadinho do papa. O jornal está dizendo aqui que o papa está com artrite.
O padre se levantou, foi lá para a frente, trocou de lugar.