Revista O Empresário / Número 136 · Novembro de 2009
Descontrole financeiro, vaidade, baixa renda. Estes são os motores da inadimplência no crédito de pessoa física, segundo três pesquisas que detalham o perfil médio das pessoas que deixam de pagar carnês, faturas de cartões de crédito ou têm cheques devolvidos. A conclusão está relacionada aos setores que têm apresentado, individualmente, a maior taxa de inadimplência.
Pelos cálculos (CDL-RJ), 60% dos que deixaram de pagar os financiamentos, fizeram compras nos segmentos de calçados e vestuários, e 30% no setor de eletrodomésticos, já pelos dados da Telecheque, empresa especializada em gestão de riscos de crédito com cheques, lojas de roupas e calçados, somadas, registram 22% de calote, o maior índice entre os pesquisados.
Refinando a pesquisa, a Telecheque descobriu que no vestuário, o sub-ramo que mais sofre com inadimplência é chamado “surfwear”, ou seja, moda jovem.
José Antonio Praxedes Neto, vice-presidente da Telecheque, acha que se pode falar em “vaidade e descontrole financeiro” como motivos centrais, já que as mulheres foram identificadas como predominantes entre clientes do ramo. De maneira geral, o descontrole financeiro responde por 70% da inadimplência em cheques, segundo a pesquisa.
Quando as pessoas são mais velhas, o problema não é vaidade nem descontrole, mas doenças, acidentes e desemprego. Praxedes vê a baixa renda da maioria dos brasileiros como denominador comum da equação do calote involuntário e um fator preocupante para a continuidade de expansão de crédito.
“O orçamento da família brasileira é muito apertado, as pessoas estão sempre com a corda no pescoço”.