Muita gente pensa no currículo como a maneira mais prática de se apresentar para disputar uma vaga. É o bom e velho hábito de transferir a responsabilidade para a eventual leitura que o executivo que decide a contratação. Então, prepara-se um belo currículo, com muitas verdades e pequenas mentiras, alguns auto-elogios e pronto, você se sente psicologicamente livre para aguardar que o outro decida por você.
Mas as pessoas que decidem estão cada vez mais sem tempo. Lêem de maneira seletiva. Muitas vezes nem chegam ao final dos parágrafos. E gastam cada vez menos tempo com a leitura de e-mails.
Então se você já é um profissional tarimbado e reconhecido pelo mercado e está de olho numa oportunidade numa empresa concorrente, tente outras aproximações que reforcem ou substituam o currículo. Aja como fosse um “sem currículo” e assuma a responsabilidade pelo contato telefônico ou pessoal.
É um tipo de contato mais desgastante. Vai exigir que você prove numa conversa telefônica de no máximo três minutos que acredita de verdade nas suas qualificações. Para ganhar tempo, sugiro que faça uma pesquisa das pessoas que trabalham com o executivo ou executiva da empresa que tem a vaga disponível. Durante a conversa, você menciona tais pessoas para ajudar a situá-lo dentro da perspectiva profissional do executivo.
Pesquise também o telefone direto e tente descobrir o nome da secretária. E se prepare com cuidado para a conversa. Sem antecipar as respostas do seu interlocutor.
A conversa deve ser tranqüila, como você não precisasse do emprego imediatamente. Lembre-se, você está sondando a empresa concorrente enquanto ainda está empregado. Faz, apenas, o que acha correto para ampliar seus horizontes, aprimorar seus conhecimentos e seguir sua vida profissional.
“O mercado já está informado que você tem uma vaga que acredito ser do meu perfil profissional”, pode ser uma linha de condução da conversa. “Sou Fulano de Tal da empresa Tal e acredito que você já me conheça profissionalmente, aí na sua empresa a Fulana e o Beltrano já interagiram profissionalmente comigo. Gostaria de agendar um café da manhã com você (ou almoço ou reunião etc)”, seria a seqüência da conversa.
Tente ouvir a pessoa do outro lado da linha. Verifique se ela está receptiva e se confirma a vaga. E tente encerrar a conversa apontando para uma reunião. Não se ofereça para enviar currículo. Lembre-se você é “um sem currículo”.
Mas se seu interlocutor pedir um currículo, peça o e-mail pessoal dele e o da secretária. Envie uma cópia para os dois, já confirmando ou lembrando da reunião que foi agendada. E respeite, claro, as indicações que fizer para você começar a negociar a vaga. É provável que o indique para falar com o diretor de recursos humanos. Tudo bem, já é um passo que contornou a frieza de um currículo.
Lembre-se que sua apresentação por telefone e depois pessoalmente valem muito mais do que o envio do seu currículo por e-mail ou em papel bonitinho.