Revista O Empresário / Número 174 · Janeiro de 2013
O jornalista americano William Power, autor do livro O Black-Berry de Hamlet, acostumou-se a ver notícias sobre a morte de jovens que teclavam enquanto dirigiam. Em entrevista, Power falou sobre como pode ser perigoso e como companhias como Facebook e Google lidam com o excesso de conectividade atual. Para o autor, é preciso promover intervalos entre o usuário e as telas - computadores, tablets, celulares - e o momento da direção pode ser um deles.
* Cada vez mais pessoas teclam dentro dos carros. O momento da direção pode ser um dos intervalos entre usuários e tela que o senhor propõe em seu livro?
Dirigir e digitar é tolo, é perigoso e está matando gente. Sim, acho que o carro pode ser um desses intervalos. Muito raros hoje, mas valiosos. Mas enquanto carros e smartphones não evoluírem a ponto de nos ajudar a desconectar na direção - algum dia, acho que vão nos ajudar - cada um tem de tomar a decisão de fazer por si mesmo.
* Por que é tão difícil se desconectar? É mais difícil para os mais jovens?
É difícil porque estar em contato com outras pessoas e informações é uma experiência poderosa. O ser humano é inerentemente uma criatura social. Há, inclusive, evidênciais de que os nosso cérebros nos dão uma recompensa química quando usamos esses aparelhos, uma injeção de dopamina que parece muito como usar droga. E isso é sentido em todas as idades, mas os mais jovens são naturalmente mais intensos nisso, porque estão descobrindo o mundo e o significado de ser social.
* O que pensa de pessoas que morrem por não conseguirem parar de digitar mesmo no direção?
É uma situação absurda e trágica. Teclar realizando outras tarefas digitais na direção é responsável por mais acidentes do que imaginamos. Sacrificar sua vida para ler uma mensagem? Acontece todos os dias. O mundo precisa despertar para essa questão.
* Em sua opinião, companhias de telefonia móvel deveriam ajudar com campanhas educativas?
Sim, devem ajudar a mudar a mentalidade do público sobre o tema. acebook quanto o Google me chamaram em seus escritórios. O diretor executivo do Google, Eric Schmidt, repetidamente encoraja os jovens a tirar suas caras da frente das telas. Nas minhas palestras, gosto de exibir um comercial de uma grande companhia tailandesa de telecomunicações. É curto e poderoso, chama-se Desconecte para Conectar. A propaganda mostra pessoas com amigos e parentes queridos que, quando pegam o celular, ficam imediatamente sozinhas.