Revista O Empresário / Número 174 · Janeiro de 2013
Há quase 20 anos estudando os centenários, Thomas Perls, professor da Universidade de Boston, pesquisa, agora, um grupo ainda mais seleto: os supercentenários, que passaram dos 110 anos.
Ainda é muito difícil se tornar um centenário?
Thomas Perls - Tem se tornado cada vez mais fácil. Quando comecei a estudar os centenários, em 1994, havia 1 em 10 mil na população dos EUA. Hoje, há um em 5.000. Conseguimos melhorar as condições de saúde e curar muitos que antes morriam de doenças infecciosas, por exemplo. As pessoas estão controlando mais doenças como diabetes e hipertensão e estão parando de fumar. Isso tudo tem impacto na longevidade.
É possível chegar bem aos cem, mesmo com doenças?
Por muito tempo, as pessoas pensavam que, para chegar aos cem, você tinha que evitar doenças relacionadas à idade, mas não é verdade. O mais importante é evitar as disfunções, mais de 90% dos centenários que estudamos eram funcionalmente independentes [andavam, comiam e tomavam banho sozinhos] aos 90, mesmo tendo doenças relacionadas ao envelhecimento [como câncer, osteoporose, diabetes]. Mesmo pessoas que não tenham “bons” genes para a longevidade podem viver mais, se tiveram bons hábitos.
Qual o perfil dos centenários?
A maioria, 85%, é mulher. São pessoas que nunca fizeram coisas ao extremo, são moderadas. Não beberam muito, não fumaram, não são obesos. São muito sociáveis, gostam de estar vivos.
O sr. tem estudado agora os supercentenários. Qual é o segredo deles?
A longevidade dessas pessoas tem um forte componente genérico. Elas representam a melhor chance para estudarmos os genes protetores e os seus mecanismos bioquímicos e, quem sabe, desenvolver medicamentos que ajudem pessoas que não têm os mesmos genes.
Mas é só genética?
Para essas pessoas com longevidade extrema, sim. Os genes respondem por 60% a 70% da longevidade.
Qual foi a pessoa mais longeva que o sr. Estudou?
Uma senhora de 119 anos, a segunda pessoa que mais viveu no mundo. Morreu em 1997. Cinco anos antes, era muito independente. Em geral, os supercentenários seguem bem até os 109 anos. Aí começam a decair.