O endividamento brasileiro está chegando perto do limite, por causa do ritmo de crescimento da procura por novos empréstimos em relação à massa salarial. Em 12 meses, até fevereiro, o ritmo de procura por crédito ao consumidor aumentou 8,2%, já descontada a inflação do período. Também até fevereiro, o acréscimo real em 12 meses da massa de salários foi de 5,8%.
Os índices são de uma análise feita pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), com base em dados de créditos do Banco Central (BC) e da massa salarial pesquisada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“O fato da taxa de crescimento do crédito ter se aproximado da variação da massa de salários indica que o modelo atual de endividamento do consumidor está esgotando”, diz o economista da ACSP, Emilio Alfieri, responsável pela análise.
Ele destaca que o crescimento do consumo dos brasileiros daqui para frente dependerá muito mais da evolução da massa salarial do que do crédito, se não houver redução de juros e alongamento de prazos de financiamento, o que já está sendo testado pelas grandes redes.
O que se pode observar hoje na relação entre a massa salarial e o crédito é exatamente o oposto do que ocorria 12 meses atrás.
Em fevereiro de 2011, o crédito era a grande alavanca do consumo e crescia a uma taxa real acumulada em 12 meses de 12,2% que era praticamente o dobro da variação da massa salarial no mesmo período (6,4%). Não foi sem motivos que o governo decidiu usar os bancos oficiais para forçar a redução das taxas de juros ao consumidor.
Por pressão da presidente Dilma Rousseff, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal passaram a oferecer juros mais baixos que os bancos privados.