Revista O Empresário / Número 160 · Novembro de 2011
Com o orçamento apertado, o consumidor será cauteloso em suas compras. Levantamento da Fecomércio-RJ mostrou que em um universo de mil entrevistados em regiões metropolitanas 43,8% informaram deter algum tipo de financiamento em setembro, o maior percentual para o mês em três anos.
O cenário reflete “o consumo acumulado” das famílias que parcelaram suas compras. Este cenário pode inibir novas compras e esfriar as intenções de consumo para o Natal. Isso pode ser percebido também em outro tópico do levantamento.
Quando questionados se haveria sobra de dinheiro após pagamento das despesas, 52,4% dos entrevistados responderam negativamente. “Foi o maior percentual para essa resposta, para um mês de setembro, desde 2007”, disse o economista de Fecomércio-RJ, Paulo Padilha. Na prática, o orçamento das famílias se encontra comprometido com dívidas antigas. Questionados em setembro sobre a finalidade dos parcelamentos, 63% dos endividados indicaram compras de roupas, carros, e eletrodomésticos. “Esses dois últimos itens contam com prazos longos de financiamento”, lembrou Padilha. O carnê ainda é o favorito (50,4% dos endividados) entre os devedores em setembro, 34,7% citaram o cartão como modalidade de financiamento.
O endividamento das famílias este ano teve profundo reflexo na inadimplência. Segundo o gerente de indicadores de mercado da consultoria Serasa Experian, Luiz Rabi, a maior frequência de tomada de crédito este ano influenciou aumentos mensais sucessivos nos níveis de inadimplência. Até setembro o indicador de inadimplência acumulada no ano calculado pela consultoria cresceu 23,3%, bem diferente de 2010, quando encerrou o ano com elevação de 6,3%.
Este cenário terá impacto no desempenho do comércio varejista deste ano. No início de 2011, foi estimado aumento entre 7% e 8% nas vendas do varejo. Hoje, deve chegar a 6%. É bom, mas não tanto quanto 2010. No ano passado, as vendas do comércio varejista calculada pelo IBGE tiveram alta recorde de 10,9%.