Revista O Empresário / Número 160 · Novembro de 2011
Para Sylvia Demetresco, acadêmica da área e profissional brasileira de renome no exterior, o objetivo central de uma vitrina (isso mesmo, com a vogal “a” ao final), é elevar o produto ao status de “estrela” perante os olhos dos consumidores, “a última chance que a marca tem de seduzir e impressionar o público”, ou seja, é ferramenta essencial para turbinar vendas em qualquer setor.
Como seduzir ao máximo o público ao ponto de levá-lo para dentro da loja?
Sylvia: Uma vitrina de sucesso é a que faz o olhar do passante se dirigir por alguns segundos à vitrina. Pode-se dizer que 80% das compras são feitas por causa de uma boa apresentação. É só pensar nas vitrinas da Liberty em Londres, da Galeria Lafayette em Paris, a Bergdorf em NY, que atraem a atenção tanto de turistas quanto de seus habitantes da cidade. Visual Merchandising (VM) é o nome acadêmico da incrível arte de tornar um produto atrativo e sedutor o suficiente para que capture a atenção do mais distraído dos transeuntes e o faça perder uns minutinhos dentro de uma loja. Para que se crie uma vitrina de impacto e inovadora o suficiente para ser, de fato, notada, ela explica que é preciso associar à apresentação do produto, uma série de elementos, desde cores e texturas, passando por uma iluminação técnica e lisonjeira até a escolha dos manequins, que devem corresponder ao público alvo da marca, “seja na gestualidade ou formato do corpo”.
Quais elementos não podem faltar em uma vitrina para que ela atinja seu objetivo?
Sylvia: Luz. Tudo pode estar perfeito, mas se a iluminação não for bem estudada, como num teatro, a cenografia não terá o impacto necessário. Além disso, é preciso pensar nas cores a serem usadas e prestar atenção nos mínimos detalhes da montagem. É um trabalho longo e que exige que sua preparação seja feita com antecedência.
Qual a principal tendência no setor?
Sylvia: A tendência atual é utilizar produtos decorativos mais sofisticados e menos descartáveis. As vitrinas mudam de cenografia e temas a cada 15 ou 20 dias, o que quer dizer grandes investimentos em VM. A atenção aos manequins também é importante. Eles estão cada vez mais diferenciados e utiliza-se os que mais se parecem com o público-alvo da marca, seja no formato do corpo, gestualidade e maquiagem específica. A iluminação também está cada vez mais técnica.
Quais negócios fazem vitrinas realmente impactantes e inovadoras? Crê que o setor no Brasil é criativo?
Sylvia: Acho que o setor cosmético e o automotivo, além dos grandes magazines europeus são os que mais se preocupam com montagens. A moda tem alguns pontos altos, mas não os melhores. Os brasileiros são muito criativos, não deixamos nada a desejar em relação a qualquer país do mundo. Somos os mais preocupados e os que trabalham com mais ardor, por um preço bem mais razoável. A criatividade das vitrinas brasileiras, acredito ser superior e mais flexível que em outros lugares.
Como se inspira na hora de montar uma vitrina?
Sylvia: A inspiração é 90% estudo e pesquisa de imagens e materiais. A criação de uma vitrina é uma lista de imagens, de materiais, de cores e texturas que, como um quebra-cabeça, de repente, se encaixa e se transforma em algo especial.