Revista O Empresário / Número 137 · Dezembro de 2009
Cerca de 70% a 85% das empresas, em todo o mundo, são familiares, percentual que varia conforme o país. Embora representem uma possante locomotiva da economia mundial, as empresas familiares carregam uma triste sina: 65% delas desaparecem do mercado em função das disputas internas; 30% chegam à segunda geração e apenas 15% à terceira. O momento crítico é sempre o da sucessão que, para ser bem sucedida, precisa de planejamento e profissionalização.
O sucessor precisa do apoio do sucedido e da aprovação dos demais membros da família.
Consultores experientes recomendam que a profissionalização e a contratação de gestores profissionais sejam incorporadas ao planejamento estratégico de longo prazo da empresa. Desta maneira, a família pode refletir com antecedência sobre seu futuro e o de sua empresa. Mesmo que no passado o fundador tenha alcançado o sucesso na gestão da organização, no mundo globalizado o processo de decisão precisa ser diferente, e algumas regras são essenciais para se atingir os melhores resultados.
Existem cinco desafios da empresa familiar: manter-se competitiva, lidar com o nepotismo e com o profissionalismo nos negócios, manter o controle nas mãos da família e transmiti-lo às demais gerações, e passar adiante o controle e a gestão da empresa.
Pesquisas realizadas pelas melhores universidades indicam que o desempenho das empresas cujos gestores foram contratados, inclusive o CEO, é melhor que o das demais organizações. Mas é importante que o recrutamento dos profissionais para compor a direção das empresas leve em consideração a arquitetura organizacional.
O CEO e outras lideranças profissionais devem conhecer bem a cultura da empresa, o negócio e o mercado. Precisam, ainda, ter boa formação, fartas doses de inteligência, experiência, integridade pessoal, bom humor, saude, competitividade, paixão e acima de tudo, visão estratégica.
Empresas familiares têm visão e compromisso de longo prazo, não ficam presas aos números de cada quadrimestre e são comprometidas com o sucesso, que é indissociável do pessoal. Além disso, sua cultura organizacional estimula o comprometimento dos colaboradores e a preservação dos laços familiares por gerações. Os planos de sucessão e profissionalização das empresas familiares ocorrem de forma diferenciada em cada organização e devem preservar os altos padrões de desempenho e ética no ambiente de trabalho.
Independentemente do modelo definido, os planos de sucessão devem levar em conta a preservação da família, o conceito de propriedade e a própria empresa. Na maioria dos casos, a companhia passa a ter uma diretoria executiva, um conselho de administração composto pela família e, às vezes, por conselheiros contratados.
A profissionalização das empresas familiares é, portanto, a peça-chave para a sua sobrevivência e perpetuação.