Revista O Empresário / Número 133 · Agosto de 2009
Apesar da melhora das condições de crédito, o calote cresce sem parar desde dezembro de 2008. Dados divulgados pelo Banco Central (BC) mostram que 5,7% dos empréstimos têm atraso de pelo menos 90 dias. Em maio, a parcela era de 5,5%. Com este aumento, a inadimplência volta ao nível de setembro de 2000, o maior da série iniciada naquele ano. Empresas, sobretudo as pequenas, têm liderado os atrasos.
Com o aumento da inadimplência em junho, os bancos deixaram de receber R$ 38,6 bilhões. A piora foi observada apenas nas operações com empresas. Nesse segmento, o porcentual de atraso cresceu de 3,2% para 3,4% entre maio e junho. Com isso, a inadimplência corporativa atingiu o pior nível desde junho de 2001. Na pessoa física, a taxa não mudou de um mês para o outro e seguiu em 8,6%.
O chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explica que muitas empresas de pequeno porte ainda têm dificuldade em tomar empréstimos no sistema financeiro para rolar dívidas antigas. Essa falta de crédito ainda existe porque o acesso aos recursos nos bancos de menor porte ainda não está completamente restabelecido. Sem crédito, muitas decidem suspender os pagamentos.
Altamir aposta que os indicadores devem começar a melhorar em cerca de três meses. “Os atrasos entre 15 e 90 dias já começaram a cair. Isso é reflexo da retomada do crédito e cria a expectativa de que a inadimplência deve apresentar estabilidade e tendência de queda nos próximos meses”, disse. Para Altamir, o atraso vai diminuir porque a redução das taxas de juros no sistema financeiro permitirá que mais pessoas físicas e empresas tomem empréstimos.