Revista O Empresário / Número 101 · Setembro de 2006
Conta-se que certa ocasião um samurai de índole violenta procurou um sábio monge para tirar sua dúvida.
- Monge, ensina-me sobre o céu e o inferno.
O monge, de pequena estatura e muito franzino, olhou para o bravo guerreiro e, simulando desprezo, lhe disse
- Eu não poderia ensinar-lhe coisa alguma. Você está imundo, seu mau cheiro é insuportável. Ademais, a lâmina de sua espada está enferrujada. Você é uma vergonha para a sua classe.
O samurai ficou enfurecido. Sem dizer uma palavra empunhou a espada e se preparou para decapitar o monge.
- Aí começa o inferno – disse-lhe o sábio mansamente.
O samurai ficou imóvel. A sabedoria daquele homem o impressionara, afinal arriscou a própria vida para ensiná-lo sobre o inferno. Abaixando a arma o velho guerreiro agradeceu o valioso ensinamento.
Passado algum tempo, o samurai, já com a intimidade pacificada, pediu ao sábio que o perdoasse pelo gesto infeliz.
- Aí começa o céu.
Tanto o céu quanto o inferno são estados de alma que nós elegemos em nosso dia-a-dia. Somos constantemente levados a tomar decisões que definem o início do céu ou do inferno em nossa vida. Criar céus ou infernos dentro de nossa alma é algo que ninguém poderá fazer. Nossa vontade é soberana.