Revista O Empresário / Número 182 · Setembro de 2013
Muitas empresas estão provando uma nova técnica para aumentar a produtividade no ambiente de trabalho: colocar os empregados em uma verdadeira dança das cadeiras.
Ao deslocar funcionários de uma mesa para outra a cada dois ou três meses, mudando-os de lugar e repensando quem colocar do lado de quem, as empresas afirmam que têm conseguido aumentar o desempenho e a colaboração de equipe.
Os defensores do experimento dizem que não é algo barato, mas que ele pode ajudar a melhorar os resultados da empresa, mesmo que isso acabe gerando descontentamento em alguns empregados.
Nos últimos anos, muitas empresas vêm optando por espaços de trabalho abertos e sem assentos designados, retirando os gerentes dos seus escritórios e reunindo funcionários em mesas comunitárias. Mas algumas empresas, especialmente as firmas jovens do setor de tecnologia, estão dando um passo mais além controlando quem senta perto de quem com a intenção de aproveitar melhor a habilidade dos empregados.
"Se eu mudo o organograma e a pessoa fica sentada no mesmo lugar, isso não terá muito efeito", diz Bem Waber, diretor-presidente da Sociometric Solutions, uma empresa de Boston que usa sensores para analisar padrões de comunicação no escritório. "Se não mudo o organograma, mas alterno onde as pessoas se sentam; isso pode mudar tudo."
Waber diz que as pessoas sentadas mais próximas de um funcionário representam de 40% a 60% de todas as interações que esse empregado faz durante a jornada de trabalho, de conversas pessoais até a troca de e-mail. Há um máximo de 10% de chances de que os funcionários interajam com alguém que está duas fileiras atrás, de acordo com os dados compilados por Waber entre empresas dos setores varejista, farmacêutico e de finanças, entre outras.
As empresas deveriam pensar com cuidado sobre perto de quem seus funcionários devem se sentar, de acordo com especialistas que estudam layout de escritórios e psicologia do local de trabalho. Agrupar funcionários por departamento pode aumentar a concentração e a eficiência, mas misturá-los pode levar a inovação, afirma Christian Catalini, professor assistente da Faculdade de Administração Sloan do Instituto Tecnológico de Massachusetts.
Em sua dissertação, Catalini analisou o impacto da proximidade em um campus acadêmico em Paris. Quando os cientistas foram espalhados por diferentes prédios devido a um problema de amianto, o resultado foi mais experimentos, diz ele. A mistura produziu alguns fracassos, mas também produziu mais avanços.
A MODCo Media, uma agência de publicidade de Nova York, experimentou três configurações de assentos diferentes ao longo dos últimos anos. Durante cerca de seis meses, a empresa misturou seus contadores com os compradores de espaços publicitários na mídia com a esperança de que uns aprendessem com os outros por "osmose" e ao "ouvir os telefonemas".
O experimento rendeu ao MODCo uma economia de "cerca de US$ 200 mil por ano", diz o diretor-presidente Erik Dochtermann, mas isso não foi bom para os contadores porque os compradores de espaço aprenderam tanto de contabilidade que acabaram eliminando a necessidade de ter um departamento inteiro dedicado a essa tarefa. Outras configurações de assentos ajudaram a inspirar novos produtos e aceleraram o treinamento de novos empregados, disse ele.
Na agência de viagens on-line Kayak.com, Paul English, um dos fundadores e diretor de tecnologia da empresa, usa os funcionários novatos como uma desculpa para mudar o layout e pensa cuidadosamente quem será vizinho de quem no local de trabalho. Ele leva em conta as personalidades, opiniões políticas, a tendência de chegar atrasado e, mais importante, a propensão de julgar os colegas que chegam tarde ao trabalho.
"Se eu coloco alguém chato perto de você ou se há um conflito de personalidades, tornarei seu trabalho seja deprimente", diz ele.
Pessoas com temperamento emocional similar trabalham melhor juntas, diz Sigal Barsade, professor da Faculdade de Administração Wharton, da Universidade da Pensilvânia. E se a intenção de um gerente é fazer com que um trabalhador estressado se alegre, a melhor estratégia é rodeá-lo de pessoas alegres e bem humoradas.