Revista O Empresário / Número 182 · Setembro de 2013
James Allen, sócio da Bain & Company é um dos autores de estudo que buscou avaliar o desempenho de empresas globais e como se podem construir empresas duradouras. Autor, em parceria com Chris Zook, do livro “O Poder dos Modelos Replicáveis”.
O que as pequenas e médias empresas podem fazer para se estruturar melhor e evitar percalço?
Allen: É importante entender que, quando se começa um negócio, a ambição é ser ágil, oferecer serviços simples e atender os clientes com os melhores serviços disponíveis. Por que a empresa que nasce quer ser uma múlti, uma gigante?
Ela tem de querer construir seu próprio caminho e não perder sua identidade. Os gestores devem ir atrás dos clientes que estão mais satisfeitos e daqueles que proporcionam melhor rentabilidade. Devem perguntar a eles por que gostam do que eu ofereço, quais as minhas vantagens. Isso permitirá que a empresa, ao fazer isso, nunca perca sua essência. Ela saberá o que é preciso para replicar um modelo de simplicidade e agilidade que ambiciona ser o melhor sempre. Ela saberá seus pontos fortes e até o que pode ser melhorado. É essencial também que nas empresas se discuta, se debata, se crie o conflito, porque a partir dele é que surgem as melhores ideias e pode-se crescer sempre. Outro ponto a ser observado: independentemente do porte, as empresas, ao crescerem, buscam novos mercados de atuação, sejam em outros estados, sejam em outros países. Mas isso faz sentido?
Primeiro, você deve conhecer o mercado em que quer atuar. Depois, ver quais as vantagens de ir para esse mercado.
No Brasil, grande parte das empresas é de origem familiar. Isso traz eventuais conflitos. Como resolver isso?
Allen: Assuntos familiares mal resolvidos matam uma empresa. Isso não é algo que ocorre só no Brasil, mas no mundo inteiro, em pequenas e grandes corporações. Em muitas empresas, metade dos assuntos discutidos em reuniões de conselho e dos gestores se refere a questões familiares. É essencial não misturar emoção com os negócios. Não se pode deixar que necessidades imediatas de dinheiro possam influenciar estratégias e fazer com que empresas ingressem em mercados que estão crescendo rapidamente, mas que estão distante do foco. A estrutura de holding tem funcionado bem em muitos casos ao fazer essa separação.