Minha terra tinha palmeiras
Onde vivia o sabiá;
As aves que longe gorjeiam
Não foram mortas como as de cá.
Nosso céu tem mais fumaça,
Nossas várzeas, caçadores,
Nossos bosques têm madeira
Para os móveis dos senhores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Não me ponho a cismar
Se minha terra tem palmeiras
Ou se ainda temos sabiá.
Minha terra tem primores:
Estão em algum cartão postal.
Em cismar, sozinho, à noite,
Não me ponho a cismar
Se a palmeira virou cinza
junto com o sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que veja isto mudar.
Não permita Deus que eu cisme
Que a palmeira virou toco
E o sabiá quedou-se rouco
Por não ter pra quem cantar.