O governo federal anunciou um ajuste fiscal, marcado pela promessa de corte de R$ 50 bilhões em despesas. Parece muito, mas precisamos saber: a) se é suficiente e b) se vai acontecer.
A resposta é, infelizmente, negativa nos dois casos (um desperdício - já que a negativa à segunda pergunta torna a primeira irrelevante, mas, mesmo assim, é importante compreender o porquê), e os motivos para isso devem ficar claros nos próximos parágrafos.
Comecemos por entender o que é realmente o corte anunciado. Uma mente menos afeita à particular forma de apresentação das contas públicas poderia interpretar que, da mesma forma que uma família em dificuldades financeiras reduz seu nível de gasto, o governo estaria disposto a diminuir suas despesas. Não é esse, porém, o caso. De fato, o corte de R$ 50 bilhões aplica-se às despesas previstas no Orçamento da União para 2011, R$ 769 bilhões, e, posto em prática, traria o gasto federal neste ano para R$ 719 bilhões. No entanto, como as despesas observadas em 2010 ficaram ao redor de R$ 657 bilhões, tal “corte” de despesas representa, na verdade, um aumento de R$ 62 bilhões no gasto público federal relativamente ao ano passado.
Uma família em dificuldades iria certamente à falência caso seu “corte de despesas” implicasse, como no caso do governo federal, aumento de quase 10% nos seus gastos. Fonte: Alexandre Schwartsman