Estudo realizado com 95 mil gestores em mais de 2.200 companhias ao redor do mundo traz um retrato no mínimo preocupante sobre esses dirigentes. Metade dessas organizações é comandada por gestores inflexíveis e altamente desmotivadores, o que inclui desde aqueles que ocupam cargos de presidente até os que atuam como supervisores.
Com essa postura, acabam sendo um entrave para o desempenho de seus subordinados. Os chefes mandões desanimam os funcionários, a produtividade cai e isso tem impacto negativo no resultado da empresa. O levantamento foi realizado pela consultoria global Hay Group nos últimos sete anos, com base na opinião de três a quatro profissionais que se relacionam diretamente com esses gestores. Nos países emergentes, o estilo de liderança predominante é o coercitivo.
No Brasil, 60% dos comandantes receberam essa classificação. “Eles são uma influência negativa porque são autoritários, querem respostas imediatas e gastam pouco tempo com o desenvolvimento das pessoas”, diz Glaucy Bocci, responsável pela prática de liderança para a América Latina do Hay Group. O estilo coercitivo do dirigente brasileiro é seguido pelo democrático, que envolve a equipe nas decisões e processos, pelo treinamento e processos, pelo treinador, que ajuda a construir capacidades dos funcionários no longo prazo, e pelo afetivo que se esforça para criar harmonia no grupo dando mais atenção às pessoas individualmente. A gestão afetiva, inclusive, é bastante característica na cultura latino-americana.
O risco, nesse caso, é que ao evitar conflitos ou discussões muito duras sobre performance para manter um bom ambiente de trabalho, o desempenho da companhia seja afetado. Trata-se de um estilo que sozinho acaba sendo ruim, mas quando combinado com outros pode ser produtivo e estimulante. Glaucy afirma que, no geral, a mistura encontrada no Brasil é boa. “Falta equilibrar um pouco mais o coercitivo”.