Você comeu mesmo aquele monte de biscoitos? As empresas de alimentos embalados podem saber a resposta, mesmo que você não saiba. Cientes de que as pessoas beliscam bastante durante o dia, essas empresas continuaram a criar novas embalagens que incentivam consumidores a comer seus produtos toda vez que sentem vontade beliscar, o que alguns executivos nos Estados Unidos apelidaram de alimentação “hand-to-mouth”, ou “da mão para a boca”.
A psicologia por trás de como isso afeta nossos hábitos alimentares é complicada. Ás vezes, pequenas quantidades de comida podem levar a você comer mais, pois há estímulos que os beliscadores de plantão conseguem detectar. A embalagem tem tanta influência que mesmo um detalhe sutil parece levar as pessoas a parar de comer.
Num estudo realizado em 2012, pesquisadores deram a estudantes um tubo de batatas fritas Stax, da Elma Chips, para eles comerem enquanto assistiam televisão. Alguns estudantes receberam tubos com batatas vermelhas inseridas entre as amarelas a intervalos variados, enquanto outros só comeram batatas amarelas. Os estudantes que ganharam tubos com batatas vermelhas comeram menos da metade que aqueles cujos tubos só tinham batatas amarelas. Quando questionados mais tarde, eles também souberam dizer melhor o quanto tinham comido. Uma “barreira artificial” ajuda as pessoas a decidir quando parar de comer, diz Andrew Geiser, o líder do estudo, que foi publicado na revista “Heath Psychology”.
A necessidade de comer até o fim parece se extinguir quando a embalagem é grande a ponto de não deixar claro qual o tamanho de uma poção, diz Geier. Durante anos, as pessoas vêm mudando seus hábitos alimentares e comendo mais fora da mesa.
Suas opções se expandiram exponencialmente desde que surgiram os pequenos sacos de batata frita e outros salgadinhos. Brian Wansink, diretor Laboratório de Marcas e Alimentos da Universidade Cornell, estuda como tamanhos e embalagens afetam o consumo. Num dos seus experimentos, pessoas num cinema comeram 34% mais pipoca velha, mas colocadas em baldes grandes, do que a mesma pipoca colocada em baldes médios, ainda que descrevessem como “murcha” e “horrível”.
O estudo mostrou que as pessoas que receberam pipoca feita na hora comeram ainda mais nos baldes grandes. As pessoas são incrivelmente ineptas quando se trata de parar de comer. Elas comem até o fim da lata ou pacote se o tamanho da porção parecer razoável, um comportamento chamado de “propensão à unidade” por acadêmicos.