Revista O Empresário / Número 159 · Outubro de 2011
Os bancos estão se tornando mais rígidos na liberação de empréstimos para pessoas físicas e micro e pequenas empresas, precavendo-se de um cenário adverso que combinará desaceleração da economia, maior desemprego, queda na renda e avanço da inadimplência. “Estamos mais rigorosos”, avisa Rogério Calderón, diretor de controladoria do Itaú Unibanco. Outros bancos também vêm promovendo ajustes em suas políticas de concessão de crédito. O Banco do Brasil (BB) revisou para baixo as projeções de expansão da carteira em 2011.
O alvo de maior preocupação no Itaú Unibanco são as micro e pequenas empresas, com faturamento anual de até R$ 6 milhões. Para o segmento, a maior seletividade se traduz na exigência de mais garantias, sobretudo recebíveis de cartões de créditos, de cheques pré-datados e duplicatas. “Se antes o volume de garantias girava em torno de 30% do valor do empréstimo, agora passou para 50%, diz Calderón. Walter Malieni, diretor de crédito do Banco do Brasil, diz olhar “com mais carinho” as operações para pessoas físicas com renda mensal inferior a R$ 3 mil. “O endividamento nessa faixa preocupa”, afirma. “Essa camada da população tem despesas inelásticas elevadas, como aluguel e transporte. “Qualquer pressão inflacionária pode afetar o cumprimento das obrigações”, explica.
O BB “mudou a régua” no chamado crédito massificado (linhas de crédito pessoal e ao consumidor), diminuindo os limites de operação para novos clientes. A margem encolheu no crédito consignado – com desconto em folha de pagamento e, portanto, menos arriscado – após uma substituição do crédito de renda bruta pelo de renda líquida.