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Revista O Empresário / Número 111 · Agosto de 2007



Poucos pensam no assunto, mas pode acontecer: um dia, a relação de dependência com os pais corre o risco de sofrer uma inversão de papéis . E os velhos, que um dia o alimentaram, precisarão de sua ajuda para fazer suas refeições. Também terão de contar com você para preparar o almoço, fazer as compras e com o avançar do declínio físico e cognitivo, tomar banho, se trocar, ou se pentear.

Alguns filhos assumem o papel de cuidadores de idosos, função que também pode ser exercida por gente de fora da família e para a qual há treinamento. Não bastam habilidades com o transporte e alimentação dos velhos. De um dia para o outro, essas pessoas têm de aprender a lidar com emoções díspares como amor e ódio, paciência e desequilíbrio. A pessoa que toma conta do idoso deve aceitar que pode ter sentimentos ruins, como raiva e impaciência, mas a primeira virtude que um cuidador de idoso deve ter é a paciência. Com jeitinho, você convence o velhinho teimoso a fazer o que é bom para ele. É preciso explicar o porquê de cada coisa.

Mesmo assim, não basta conciliar o aspecto emocional. É preciso também saber cuidar de quem precisa de cuidados. Para isso, muitos hospitais , universidades e clínicas oferecem cursos para formação de cuidadores, tanto profissionais como familiares, como são chamadas as pessoas que se dedicam a cuidar de algum parente em casa .

“Uma das principais coisas que ensinamos é não subestimar o idoso, não tratá-lo como criança, respeitar a experiência de vida e os desejos dele”, explica a psicóloga Maria Olímpia Bottura, professora da Com Viver Com, empresa que oferece cursos na área. Geralmente ,os cursos envolvem a parte prática ,que inclui como dar banho, trocar a roupa de cama com a pessoa deitada, levantar da cadeira com mais facilidade, e preparo de alimentos.

Além disso a parte mais teórica, que inclui discussões sobre o envolvimento, as emoções que a relação desperta, o sentimento de frustração que muitos cuidadores experimentam e insistência em não abandonarem a própria vida.
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