País registra recorde de abertura de empresas em 2025, mas desafio é transformar energia empreendedora em negócios sustentáveis e inovadores.
Inovar deixou de ser diferencial e passou a ser condição de sobrevivência. Mais do que criar algo inédito, inovar significa introduzir mudanças que gerem valor real para empresas, mercados e sociedade. Em um ambiente de negócios instável, inovar é sinônimo de competitividade, produtividade e resiliência.
De acordo com o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, apenas no primeiro trimestre de 2025 foram abertos 1,4 milhão de novos pequenos negócios, dos quais 78% na categoria de microempreendedor individual (MEI). No acumulado do primeiro semestre, segundo o Sebrae, já são 2,6 milhões de novas empresas, número 23% maior em relação a 2024. Esses dados revelam a força do empreendedorismo como instrumento de inclusão e de geração de renda.
Segundo o Monitor Global de Empreendedorismo (GEM), em 2024 o Brasil alcançou a maior taxa de empreendedorismo dos últimos quatro anos, com 33,4% da população adulta envolvida em alguma atividade empreendedora. Isso representa cerca de 47 milhões de brasileiros. O estudo também mostra um amadurecimento do ecossistema: a taxa de empreendedores estabelecidos, com negócios de mais de 3,5 anos, subiu para 13,2%. Esse dado indica que mais empresas conseguem superar a fase inicial de maior vulnerabilidade.
Quando o assunto é inovação, São Paulo reafirma sua posição de liderança nacional. De acordo com o Índice de Inovação dos Estados 2025, o estado aparece em primeiro lugar pelo quinto ano consecutivo, liderando oito dos doze indicadores avaliados. Segundo a Associação Brasileira de Startups, o país tem hoje aproximadamente 20 mil startups ativas, das quais 22% estão concentradas em território paulista. Além disso, o Brasil figura na 27ª posição do Startup Ecosystem Index, enquanto a cidade de São Paulo ocupa a 23ª colocação no ranking global de ecossistemas mais inovadores.
A transformação digital também acelera no ambiente corporativo. A inovação organizacional vai além de tecnologia: inclui cultura, modelos, processos e parcerias. De acordo com pesquisa da consultoria IDC, 67% das empresas brasileiras já consideram a inteligência artificial prioridade estratégica, e 25% delas possuem ao menos um caso de uso em operação. Em 2024, esse índice era de apenas 12%, o que mostra avanço expressivo na adoção de novas tecnologias.
A diferença entre inovar ou não é determinante. Empresas que inovam crescem mais rápido, conquistam margens maiores e ampliam sua presença em mercados externos. As que deixam de investir em inovação tornam-se vulneráveis à competição por preço e à própria existência. Segundo o IBGE, menos de 35% das empresas brasileiras com mais de 100 funcionários investem em pesquisa e desenvolvimento — uma lacuna que ajuda a explicar a baixa produtividade nacional frente a outros países emergentes.
O desafio, portanto, vai além da abertura de novos negócios. É necessário torná-los inovadores, escaláveis e sustentáveis. Para isso, é essencial ampliar o acesso ao crédito, investir em programas de fomento e difundir a cultura da inovação em empresas de todos os portes.
Inovar, hoje, é mais do que opção: é condição para existir no amanhã. O Brasil tem energia empreendedora de sobra; falta transformar essa energia em soluções que mudem mercados, fortaleçam a economia e levem o país para patamares mais altos de competitividade.