Estudos acadêmicos podem ser fascinantes... e muito confusos. Decidimos tirar todo o jargão científico e explicá-los para você.
O cenário
Pode ser uma mulher reclamando do tamanho das coxas ou dizendo que se está se sentindo “péssima” porque pediu sobremesa na hora do almoço: a conversa sobre o peso é parte das interações diárias entre as mulheres.
Segundo uma pesquisa de 2011, 93% das mulheres de idade universitária fazem esse tipo de comentário depreciativo sobre seus próprios corpos e os das outras mulheres.
Magro é melhor. Essa conversa sobre o peso está associada à insatisfação com o corpo, especialmente para as mulheres que a iniciam, mas também para as que ouvem os comentários negativos das amigas.
A pergunta é: qual é o verdadeiro mal causado por esse tipo de conversa, especialmente no contexto da amizade?
Pesquisadores da Universidade de Queensland estiveram entre os primeiros a estudar o tema, e seu novo trabalho explora como a conversa sobre o peso afeta a saúde mental das mulheres, bem como sua dinâmica social.
A preparação
Os pesquisadores reuniram 43 pares de amigas entre 17 e 25 anos e disseram que elas participariam de um estudo sobre comunicação em mídias sociais (e não sobre o assunto real: conversas sobre o peso).
Cada par de amigas foi separado e instruído a discutir 20 imagens de celebridades, usando um software de mensagens instantâneas.
Os pesquisadores avisaram as participantes de que decisão de quem começaria a conversa seria aleatória. Se elas fossem as segundas a falar, elas teriam de responder aos comentários das amigas sobre a celebridade.
Mas, na realidade, os pesquisadores disseram para todas as participantes serem as segundas a falar. Eles então enviaram para elas comentários pré-selecionados que era considerados negativos (“Ela está incrível depois de emagrecer”), positivos (“Amo essa saia, ficaria incrível em mim!”) ou neutros (“Ótima atriz”).
Depois, as participantes responderam a um questionário que avaliava a imagem que elas tinham do próprio corpo, seu humor, sua intenção de fazer regime e quanto elas tinha internalizado o ideal de magreza.
Elas também tinham de relatar com que frequência conversavam com as amigas sobre peso e o que achavam da parceira do estudo.
Os resultados
Depois de analisar os resultados do questionário, os pesquisadores descobriram que os correlatos de transtornos alimentares (como internalização do ideal de magreza, insatisfação com o corpo, mau humor e intenção de fazer regime) eram significativamente mais altos para as mulheres cuja “amiga” puxou a conversa negativa sobre o peso.
No estudo, entretanto, meramente ouvir (ou ler, neste caso) os comentários negativos da amiga só afetaram o bem estar se a pessoa também respondeu com conversa sobre o peso.
Mas falar sobre o corpo nem sempre tem consequências negativas.
As mulheres cujas “amigas” falaram positivamente sobre corpos não demonstraram risco mais alto. Na realidade, dos três tipos de conversa, a positiva foi a considerada a mais “socialmente aceitável”. As participantes consideraram positivo esse tipo de papo, mesmo que suas conversas sejam costumeiramente negativas.
A conclusão
Embora pareça inofensivo olhar para uma foto de Jennifer Lawrence e brincar que “Jamais poderia usar uma roupa dessas”, o estudo sugere que esse tipo de conversa pode ser ruim para a sua autoestima – e a da sua amiga, se ela também entrar na onda.
A conversa sobre o peso é a norma em muitos círculos de amigas. É difícil conceber a ideia de evitar o assunto, ficando quieta enquanto sua amiga se castiga por ter pedido sobremesa.
Mas saber o mal que isso faz para todas as envolvidas pode servir como motivação para mudar de assunto e talvez até mesmo dizer algo positivo sobre seu corpo. No fim das contas, as participantes apreciaram a conversa positiva.
Quando se trata de falar do próprio corpo – ou do corpo de outra pessoa --, talvez valha a pena lembrar do velho ditado: “Se você não tem nada de bom para dizer, melhor não dizer nada”. notícias da mídia Notícias pesquisadas em jornais e sites.