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Comunicação



Publicado em: 07/10/2015

O uso constante de computadores e gadgets em geral está enfraquecendo a memória das pessoas. Em vez de registrar informações como telefones e endereços no cérebro, os usuários de tecnologia recorrem a smartphones e outros aparelhos. Com isso, a memória vai se atrofiando. É o que diz um estudo da firma de segurança cibernética Kasperski Lab publicado nesta quarta-feira.

Redes de neurônios no cérebro: memórias traumáticas são registradas em processo mediado por moléculas diferentes das que codificam lembranças normais, o que faz com que só possam ser acessadas sob condições mentais similares

A pesquisa constata que muitos adultos ainda têm na memória números de telefone usados na infância não conseguem lembrar do seu número atual de trabalho ou mesmo dos telefones de membros da família. Como explica no trabalho publicado a professora Maria Wimber, da Universidade de Birmingham, a tendência de procurar informações on-line “impede a formação de memórias de longo prazo”.

O estudo examinou hábitos de memória de 6 mil adultos em oito países: Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo. De acordo com os resultados, mais de terço das pessoas apela primeiro para dispositivos computacionais para recordar informações. O Reino Unido teve o mais alto nível nesse aspecto, com mais de metade dos entrevistados “pesquisando primeiro on-line para obter uma resposta”.

TERCEIRIZAÇÃO DE MEMÓRIA

A pesquisa sugere que depender de um computador dessa maneira tem um impacto a longo prazo no desenvolvimento de memórias, porque tais informações obtidas através dos botões podem muitas vezes ser imediatamente esquecida. “Nosso cérebro parece reforçar uma memória cada vez que a acessamos, e ao mesmo tempo esquece lembranças irrelevantes que estão nos distraindo” explica Maria Wimber.

Ela diz que o processo de recordar a informação é “uma maneira muito eficiente de criar uma memória permanente”. “Em contraste, repetir passivamente informações, como se faz ao pesquisar por um tema várias vezes na internet, não cria uma memória sólida nem duradoura”.

Entre os adultos pesquisados no Reino Unido, 45% conseguiam lembrar seu número de telefone de casa quando tinham dez anos de idade, enquanto 29% conseguiam se lembrar dos números de telefone de seus próprios filhos, e 43% conseguiam se lembrar de seu número de trabalho.

A capacidade de lembrar o número de um parceiro foi menor no Reino Unido do que em qualquer outro lugar na pesquisa europeia. Houve 51% dos pesquisados no Reino Unido que sabiam o número de telefone do seu parceiro, em comparação com quase 80% na Itália.

O estudo da Kaspersky Lab, uma empresa de segurança cibernética, diz que as pessoas se acostumaram a usar dispositivos de computador como uma “extensão” do seu próprio cérebro.

A empresa descreve a ascensão do que chama de “amnésia digital”, em que as pessoas estão prontas para esquecer informações importantes na crença de que elas poderão ser imediatamente recuperadas de um dispositivo digital.

O estudo destaca a tendência para manter memórias pessoais em formato digital, em paralelo ao armazenamento cerebral de informações factuais. Fotografias de momentos importantes podem só existir em um smartphone, com o risco de sua perda se o dispositivo for extraviado ou roubado.

“Parece haver também um risco de que a gravação constante de informações em dispositivos digitais nos torne menos propensos a fixar eficientemente essas informações visuais em nossa memória de longo prazo, e pode até distrair-nos na codificação correta de um evento no momento em que ele acontece”, disse a Dra. Wimber.




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