Dois estudos acerca do envelhecimento humano divulgados recentemente me chamaram a atenção. Um deles mostra que o tempo biológico entre as pessoas passa de forma diferente. Este seria um motivo para que pessoas que nasceram ao mesmo tempo aparentem diferentes idades. Outro aborda a perda de capacidade de combate às infecções à medida que o organismo envelhece. São estudos que possibilitam investimentos em ações preventivas e tratamentos para melhoria da qualidade de vida das populações.
O estudo sobre a diminuição da eficiência do sistema imunológico, feito por pesquisadores do Instituto de Pesquisas Scripps, da Flórida (EUA), foi publicado no periódico científico “Cell Reports” e associou o fato à atrofia – com o encolhimento- do timo, um órgão que fica entre o coração e osso esterno. Esse fenômeno tem início ainda na adolescência. O timo é responsável pelo amadurecimento dos linfócitos T, células responsáveis por defender o organismo a partir da identificação de patógenos, que são os causadores de doenças.
O timo, concluíram os pesquisadores, encolhe devido à carência da enzima catalase, que é a responsável por fazer uma faxina e livrar o organismo dos chamados radicais livres. Dessa forma, o timo fica mais vulnerável à atrofia. A consequência é redução da capacidade de defesa imunológica, com a maior exposição do organismo e mais liberdade à ação dos radicais livres, com oxidação das células e envelhecimento.
Uma forma de ajudar na prevenção é com uma alimentação rica em elementos antioxidantes, entre eles as frutas cítricas, com concentrações de vitamina C, as nozes, o vinho e chocolate.
A outra pesquisa, feita por estudiosos de geriatria da Universidade de Duke, na Carolina do Norte (EUA) e publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, busca fornecer elementos para que a ciência possa interferir no processo de envelhecimento e evitar as doenças que ocorrem com o correr dos anos.
Ela mostra que, independentemente da data de nascimento, as pessoas têm processos de envelhecimento diferenciados. Por isso, duas pessoas nascidas numa mesma data podem ter idades biológicas com até 30 anos de diferença. Ou seja, um pode estar grisalho e outro ainda estar com os cabelos com a mesma cor da juventude. Assim como uns ficam enrugados e outros não, entre outras evidências.
Como lembra o presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia no Rio, em matéria publicada em O Globo, o processo de envelhecimento é heterogêneo, com 20% a 30% de determinantes genéticos. Os outros 70 a 80% são relacionados aos hábitos e ao ambiente, por isso passíveis de interferência.
A pesquisa de identificação da idade biológica mediu funções como funcionamento dos rins, fígado e pulmões, além de níveis de colesterol, capacidade cardiorrespiratória, comprimentos dos telômeros, saúde dental e condições de pequenos vasos sanguíneos no globo ocular.
São dois estudos de grande pertinência para nos ajudar a entender o envelhecimento e adotar medidas preventivas. Os cruzamentos das informações do conjunto de pesquisas realizados nos centros de estudos ao redor do mundo, indicam, invariavelmente, que uma parte considerável de nossas qualidades de vida futura dependem de como conduzimos nossos hábitos hoje. Portanto, prevenção tem que ser prioridade. Não percamos tempo, afinal ele não é igual para todos.