“Você não tem nada, está apenas somatizando os problemas.” Certamente, em algum momento complicado da vida, alguém já ouviu essa frase. Mas o fato de ser algo psicossomático não significa que a pessoa não esteja doente. Há doenças orgâncias com causas psicológicas, conhecidas como doenças psicossomáticas. Em situações de forte estresse emocional, o corpo do indivíduo vai reagir para informar que alguma coisa não está bem.
Segundo especialistas, o pensamento negativo age de forma também negativa no organismo e pode ainda causar danos irreversíveis à saúde. Por isso, curar as mágoas é o primeiro passo para viver com qualidade e feliz.
Segundo o psiquiatra Norton Caldeira, membro da Associação Brasileira de Doenças Psicossomáticas e especialista no tema, o pensamento é químico. “Se a pessoa está magoada, com pesar e nutrindo algum sentimento negativo, como o ódio, ou não tem condições de aceitar um não ou perdeu alguém muito importante ou não sabe respeitar as diferenças, de lutas ideológicas e religiosas, ela tem muita dificuldade para encontrar o campo do perdão, que é facilmente reconhecível no campo da saúde. O estresse produz adrenalina e corticosterona e pode acarretar doenças diversas. A tensão provocada por sentimentos negativos é deletéria, pode provocar até câncer.”
Para o médico, guardar mágoas é o mesmo que armazenar veneno dentro de si. E, com o passar do tempo, esse veneno vai contaminar corpo e mente. Para evitar que danos mais graves ocorram em razão disso, ele destaca a importância de saber perdoar. “Parece que a ciência acordou um pouco mais para as questões que envolvem os relacionamentos humanos, uma nova consciência no sentido de produzir efeitos de paz no mundo foi despertada. Sem dúvida alguma, perdoar significa poupar-se, significa saúde. A pessoa fica menos estressada e, por consequência, menos doente.”
REFLEXÃO
Mas perdoar é uma ação difícil, segundo o psiquiatra, e, muitas vezes, a intervenção de uma outra pessoa é importante. “Toda pessoa que está sofrendo um problema como esse e guarda muita mágoa deveria conversar com alguém a respeito, seja um psicanalista, um psiquiatra ou um amigo próximo, para dividir esse sentimento. Isso a ajudaria a refletir melhor sobre o problema, aliviaria bastante, porque permitiria o surgimento de outras possibilidades de solucioná-lo. Ela passa a ter mais percepção do que ocorre na mente dela quando reflete.”
Norton afirma que o primeiro passo para evitar desenvolver doenças psicossomáticas é entender o benefício que o perdão pode causar. “Primeiro, a pessoa tem de entender que, mesmo perdoando, não terá de conviver, necessariamente, com quem lhe fez mal. Vai usar técnicas de relaxamento antiestresse e pensar nos benefícios que vai ganhar por meio da paz. Esse reconhecimento pode ser uma atitude preventiva. É necessário tomar logo uma providência para evitar problemas biológicos. As pessoas precisam pensar um pouco mais sobre isso. Seria uma forma de também motivar uma cultura da paz no mundo.”
Fernando Vieira Filho, psicoterapeuta
Como ressentimentos e mágoas afetam a vida das pessoas?
Ressentimentos e mágoas afetam-nos de forma incisiva e absoluta. A pior consequência de guardar mágoas e não perdoar é a de nós mesmos “fazermos” doenças mentais e físicas. A ciência psicossomática, com a qual trabalho, prova isso de maneira categórica. É por isso que, hoje em dia, algumas linhas da medicina já dizem: “O paciente fez um câncer”, “A paciente fez uma fibromialgia”.
Como as doenças psicossomáticas se desenvolvem?
O processo de surgimento das doenças ocorre de forma absolutamente inconsciente, em que elas são sempre alimentadas por emoções desequilibradas e por sentimentos de ódio e culpa. Quando odiamos, o que é perfeitamente humano, nos sentimos culpados; a culpa nos faz sentir remorso e o remorso nos traz uma necessidade inconsciente de autopunição, que nos leva a fazer as doenças que denominamos psicossomáticas. Assim, o perdão e o autoperdão são de suma importância na vida do ser humano, pois são capazes de nos preservar de males físicos, mentais e morais.
Como deve ser o tratamento de doenças psicossomáticas?
É necessária a intervenção de um psiquiatra, psicólogo ou especialista na determinada moléstia?
Dependendo da doença, o seu curso poderá levar à morte. Por exemplo, câncer, lúpus, hipertensão, diabetes e depressão. Assim, devemos sempre recorrer, inicialmente, ao tratamento médico convencional para estabilizar a doença. A partir daí, de forma conjunta, começar um tratamento psicoterapêutico para investigar as causas emocionais que levaram o paciente a fazer a doença, com profissionais de sólidos conhecimentos da ciência psicológica e psicossomática. notícias da mídia Notícias pesquisadas em jornais e sites.