Não se trata apenas de senso comum: profissionais que se mantém disponíveis para resolver assuntos relacionados ao seu emprego, por meio de e-mail ou telefone, quando estão fora do ambiente de trabalho, são mais estressados. É o que comprova um estudo conduzido por psicólogos na Universidade de Hamburgo e publicado no “Journal of Occupational Health Psycology”.
Os pesquisadores conversaram com 132 pessoas de 13 diferentes ambientes de trabalho, e os fizeram preencher questionários diários durante um período de oito dias — quatro nos quais eram esperados estarem disponíveis para o trabalho, quatro em que não. Metade dos participantes também ofereceu amostras de saliva para a medição do hormônio cortisol (liberado em resposta a situações de estresse).
Os resultados mostraram então que, durante os períodos fora do batente em que as pessoas deveriam estar acessíveis, elas apresentavam um nível de cortisol mais elevado, e relatavam sentirem-se mais estressadas. Ainda que previsível, esse resultado, no entanto, mostrou que mesmo que as pessoas não recebessem uma solicitação do trabalho, só o fato delas estarem disponíveis já é suficiente para deixá-las ansiosas.
Os fatores por trás disso? A combinação da permanente conexão possibilitada pelos smartphones e uma cultura que possui limites cada vez mais tênues entre trabalho e lazer.
“Os contatos e a disponibilidade para o trabalho fora do horário de expediente estão associadas com o arruinamento do bem-estar”, escreveram os autores do trabalho.
Esse desconforto da disponibilidade permanente é potencializado por aquele provocado pelos e-mails relacionados ao trabalho. No mês passado, Marcus Butts, da Universidade do Texas, e Wendy Boswell, da Universidade Texas A& M, divulgaram os resultados de um estudo que teve como foco o efeito emocional das mensagens eletrônicas recebidas durante as horas de folga, de segunda a sexta-feira.
— Observamos o tom dos e-mails e o tempo que as pessoas levaram para respondê-los. Quando se trata de mensagens com tons negativos, isso nos deixa nervosos, o que tira muito do nosso foco e dos nossos recursos para nos manter engajados com outras coisa — afirmou Butts à revista “Time”.
Ou seja, quando fora do horário de trabalho, e-mails impedem que as pessoas prestem atenção ou se engajem na sua vida fora do trabalho. Aqueles com tom negativo, então, têm o poder de arruinar o seu humor. E aqueles que misturam trabalho e vida social tendem a sofrer mais com o fenômeno.