Essas mesmas características também tendem a funcionar no ambiente corporativo.
Um passo importante é encarar cada discurso como uma história, com introdução, narrativa, argumento, discussão e conclusão. As apresentações acompanhadas de PowerPoint são praticamente uma constante, mas poucas empresas realmente treinam seus funcionários para evitar que o discurso seja menos "seco e analítico", como define Jill Avery, professora da Harvard Business School, nos Estados Unidos. "Imagine o impacto de uma apresentação carregada de envolvimento emocional ou com um forte arco narrativo."
Segundo a especialista, falar em público é algo que pode ser aprendido. "Algumas pessoas acreditam que ou são bons oradores ou não são. Mas a verdade é que essas habilidades podem ser dominadas com a prática", explica Avery.
Para começar, ela sugere que se evite o erro mais comum quando alguém prepara um discurso, que é se perguntar: "O que eu quero dizer?". Ao invés disso, Avery dá a dica de se perguntar: "O que a plateia quer ouvir?".
Um exemplo: durante uma reunião em que você tenha que comunicar notícias negativas, pense no que a equipe precisa escutar para continuar com o moral alto e não só no que os seus chefes querem que você diga.
'Viagem narrativa'
Outro passo importante é encarar cada discurso como uma história, com introdução, narrativa, argumento, discussão e conclusão. "A plateia deve se sentir levada em uma viagem, em vez de apenas assistir a um relato de fatos e números", afirma Avery.
Não é só uma boa história que faz uma fala ser convincente e envolvente. "Muitas vezes, o orador exagera na quantidade de slides e gráficos, que acabam se tornando a base de discursos ruins", diz a professora.
Em vez disso, tente primeiramente criar uma boa apresentação e depois pense em recursos audiovisuais que possam ajudá-lo a contar a narrativa. "Os maiores discursos da História não tiveram PowerPoint", aponta Avery.
Um erro comum de muitos gerentes, ao prepararem uma apresentação para clientes ou para seus superiores, é reaproveitar slides antigos e criar um discurso em torno deles.
Segundo Tor Haugnes, professor da BI Norwegian Business School, em Oslo, é importante praticar diante de alguém conhecido e confiável. "Use slides para acrescentar algo à apresentação, para incrementá-la", ensina Avery. "E nunca coloque trechos de sua fala nas figuras. Apenas utilize elementos visuais para enfatizar os pontos que você está destacando verbalmente."
A importância da prática
A próxima etapa é praticar diante de alguém conhecido e confiável, segundo recomenda Tor Haugnes, professor da BI Norwegian Business School, em Oslo, na Noruega. "Essa pessoa poderá fazer comentários honestos e construtivos sobre a apresentação."
É possível que, no início, muita coisa saia errada. "É normal adotarmos algum tipo de tique, algo que irrita a plateia", diz Haugnes. Ele próprio conta que tinha a mania de girar um lápis entre os dedos enquanto falava e só parou quando um colega chamou sua atenção.
"Muitas pessoas têm mais medo de falar em público do que de qualquer outra coisa. Isso, na realidade, é um bom ponto de partida porque você sabe que os outros também sentem o mesmo", afirma o professor.
"Boa parte de um bom discurso está em encontrar a emoção necessária", afirma ele. "Sua plateia merece assistir a uma fala e a um desempenho renovados."
Por isso, da próxima vez que tiver que fazer uma apresentação, ainda que rotineira, lembre-se de contar uma história permeada por emoção. É bem provável que você ganhe os corações dos ouvintes.
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