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Comportamento.



Publicado em: 17/10/2025

“Os apelos progressistas por transferências não são simplesmente demandas por redistribuição. Representam uma resposta racional ao fracasso do mercado”.

O debate atual sobre políticas progressistas muitas vezes se resume a um refrão familiar: apelos por transferências infinitas para os menos abastados versus preocupações com a eficiência do mercado. Os críticos rejeitam as demandas progressistas por considerá-las desprovidas de ideias novas, mas isso ignora o argumento estrutural mais profundo que emerge da interseção entre desigualdade, distorção do mercado e deslocamento social. A verdadeira questão não é simplesmente que alguns têm menos do que outros — é que a desigualdade extrema rompeu fundamentalmente a capacidade do mercado de refletir as necessidades e prioridades sociais genuínas.

O sequestro dos talentos
Nas últimas décadas, o pensamento financeiro convencional capturou não apenas fluxos de capital, mas algo muito mais precioso: nossas melhores mentes. Os graduados mais brilhantes de engenharia, matemática e ciências são sistematicamente recrutados por instituições financeiras que lucram principalmente com operações de arbitragem — extraindo valor da riqueza existente em vez de criar nova capacidade produtiva.

Engenheiros do ITA migram para o Itaú.
Isso representa uma profunda má alocação do capital humano. Essas mentes brilhantes, que de outra forma poderiam desenvolver tecnologias inovadoras ou resolver desafios sociais urgentes, passam suas carreiras movimentando dinheiro de maneiras cada vez mais sofisticadas. O resultado é uma cultura de individualismo exacerbado que remodela não apenas quem fica rico, mas também os valores da sociedade. Quando o segmento mais talentoso e instruído da sociedade é recompensado por pensar principalmente em ganhos individuais e otimização de portfólio, esses valores inevitavelmente permeiam normas culturais mais amplas. O sucesso passa a ser definido pela acumulação pessoal, em vez da contribuição social.

A economia do luxo
Essa concentração de renda e talento cria efeitos em cascata em toda a economia. Quando a riqueza se torna altamente concentrada, os sinais do mercado começam a refletir as preferências dos ricos, em vez das necessidades da população em geral. As indústrias se expandem para atender ao consumo de luxo — viagens de alto padrão, gastronomia, moda de grife, cirurgia plástica, arte como commodity de investimento e uma variedade infinita de serviços pessoais e bens de status.
Esta transformação da educação, moradia e saúde de bens sociais em luxos posicionais reflete o padrão mais amplo. Quando riqueza concentrada aumenta o preço de qualquer coisa que valoriza, esses bens tornam-se inacessíveis para famílias trabalhadoras comuns.

O cálculo do custo social
Essas distorções do mercado criam uma dinâmica perversa, na qual decisões básicas da vida se tornam economicamente irracionais para as pessoas comuns. Quando os custos com moradia consomem uma parcela desproporcional da renda, quando cuidados de saúde de qualidade exigem pagamentos premium e quando a educação se torna um bem de luxo, indivíduos racionais adiam ou renunciam a marcos importantes da vida. A formação de famílias, a criação dos filhos e o investimento na comunidade são prejudicados quando sujeitos a essa análise distorcida de custo-benefício. Isso não acontece porque as preferências das pessoas mudaram, mas porque os sinais do mercado foram sistematicamente corrompidos pela desigualdade.

A resposta progressista
Esta análise sugere que os apelos progressistas por transferências — seja para moradia, saúde ou educação — não são simplesmente demandas por redistribuição. Representam uma resposta racional ao fracasso do mercado ao este responder à sinalização perversa.
Uma abordagem mais fundamental abordaria a causa raiz: a concentração de renda que distorce os sinais do mercado em primeiro lugar. Tributação mais alta sobre fluxos concentrados de renda e riqueza não apenas forneceria receita para programas governamentais — reduziria a concentração do poder de compra que impulsiona essas distorções do mercado.

Esta visão sugere não um governo substituindo os mercados, mas criar condições nas quais os mercados possam funcionar como deveriam: como mecanismos para alocar recursos de forma eficiente com base em necessidades e preferências sociais genuínas. Esse pode ser o argumento mais convincente que os progressistas podem apresentar — não que os mercados não funcionem, mas que a desigualdade extrema os impede de funcionar adequadamente.

Por: Alfredo Behrens


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