De acordo com estudo realizado pela NielsenIQ, 59% dos brasileiros gastam mais com produtos que melhoram a saúde
A busca por um estilo de vida mais saudável está gerando uma mudança significativa nos padrões de consumo dos brasileiros. Com o objetivo de aproveitar as oportunidades geradas por esse cenário, muitas empresas estão apostando no lançamento de linhas de produtos saudáveis para suprir essa demanda crescente.
Em uma pesquisa realizada pela NielsenIQ, a maioria (86%) dos entrevistados afirma ter adquirido pelo menos um hábito mais saudável em sua rotina. O estudo Estilo de Vida 2024 de NIQ Homescan aponta ainda que as pessoas estão cada vez mais atentas aos produtos que consomem, buscando mais sabor, nutrição e equilíbrio.
Mais da metade (51%) dos consumidores brasileiros estão em busca de produtos com adição de fibras e vitaminas. Além disso, 59% disseram que gastam mais com produtos que melhoram a saúde e 45% das pessoas garantem ter reduzido o consumo de industrializados.
O cofundador e conselheiro da Verde Campo, Alessandro Rios, acredita que esse cenário seja o resultado de um movimento que já está em evolução nos últimos anos. Ele relata que a indústria de alimentação está registrando um crescimento contínuo no número de consumidores de produtos desse segmento nas últimas décadas.
“Uma vez iniciado esse movimento por uma alimentação mais saudável, as pessoas tendem a ampliar essa escolha ao longo dos anos. No começo, elas escolhem um tipo de bebida ou comida específica, ou mudam um detalhe na alimentação. Depois, percebem a influência positiva disso na vida, na rotina, no bem-estar, e o movimento natural seguinte é que continue fazendo essas escolhas”, explica.
Além disso, o executivo avalia que essa demanda ocorre em todas as faixas etárias, motivadas por fatores distintos, dependendo do público, mas com todos apresentando avanço na busca por produtos saudáveis.
Light, sem lactose e ‘amargo’ em alta
O estudo da NielsenIQ ainda destaca que os impactos gerados pela demanda geraram, em alguns casos, aumento das vendas e, em outros, aumento do valor dos produtos.
Por exemplo, houve avanço nas vendas de produtos saudáveis de entrada – como o refrigerante light e diet (30,8%) e o chocolate amargo (18,9%) – no ano passado frente a 2022.
Já os itens intermediários – como leites com sabor e iogurtes “sem lactose” – registraram avanços no valor, de 77,9% e 32,5%, respectivamente.
Os produtos do segmento maduro, como aveia (18,1%) e granola (14,2%), também tiveram alta no valor.
Crescimento das empresas de produtos saudáveis
Para Alessandro Rios, um dos sinais do desenvolvimento do setor de alimentos saudáveis no Brasil, ao longo da última década, é a quantidade de empresas dedicadas à produção desse tipo de alimento que surgiram no período. O empresário ainda aponta que esse movimento é ainda mais forte no exterior.
Além disso, o cofundador da Verde Campo destaca casos de empresas pequenas focadas na produção de alimentos saudáveis que cresceram devido ao aumento no consumo, e acabaram sendo adquiridas por grandes grupos do setor, como consequência desse movimento.
De acordo com o especialista, as empresas têm apresentado crescimento, em alguns casos, que supera 50% ao ano desde a década de 2010, só com produtos saudáveis.
“Nós temos um exemplo de uma empresa no Brasil, a Mãe Terra, que também foi adquirida por um grande grupo. Ela nasceu pequena e em menos de 10 anos se tornou uma das líderes no segmento dela”, destaca.
Minas Gerais é ‘termômetro’ para mercado brasileiro
No caso de Minas Gerais, Rios avalia que o mercado mineiro representa uma média do comportamento dos consumidores brasileiros em geral. Isso, segundo ele, pode estar relacionado ao tamanho do Estado e às diferenças presentes dentro do território mineiro.
“É normal para um estado do tamanho de Minas Gerais ter regiões em que o mercado é mais forte do que outras. Mas, de maneira geral, eu acredito que Minas representa bem a média do comportamento do brasileiro”, disse.
Mudança de hábitos impacta diretamente o mercado
O levantamento realizado pela NielsenIQ aponta que essa mudança de hábitos dos consumidores gerou um crescimento de 18,3% nos valores dos produtos alimentícios e bebidas em 2023 na comparação com o ano anterior. Já o volume de vendas desses produtos subiu 7,4% no período.
Outra pesquisa, a Voz do Consumidor, realizada pela PwC, aponta que:
• 56% dos brasileiros pretendem aumentar o consumo de frutas e vegetais frescos;
• 42% disseram que planejam ampliar a ingestão de feijões, grãos e leguminosas;
• 38% optaram por peixes e frutos do mar;
• 20% dos entrevistados planejam reduzir o consumo de carne vermelha.
Conforme o estudo, o maior interesse por dietas à base de plantas demonstra uma preferência, por parte dos consumidores, por alimentos mais saudáveis. De acordo com o levantamento, 66% dos entrevistados estão mais preocupados com a saúde e 52% estão em busca de mais informações nutricionais.
O executivo da Verde Campo acredita que as empresas que não aproveitarem esse momento irão perder uma boa oportunidade de crescimento, já que alguns estudos demonstram que esse mercado continuará apresentando forte crescimento, tanto no País quanto no resto do mundo.
“É um mercado que continua em franco crescimento e que continua trazendo muitas oportunidades para as empresas que atuarem nele”, conclui.