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Comportamento.



Publicado em: 16/10/2024

Comunicar-se efetivamente vai muito além das palavras que escolhemos ou da maneira como articulamos nossos pensamentos. Na comunicação verbal, comunicar é como declamar um poema, no qual cada palavra, cada pausa, cada entonação, cada gestual, possui um significado oculto, pronto para ser decifrado por ouvidos, olhos e demais sentidos atentos. Neste processo, cada aspecto da nossa comunicação revela muito sobre quem somos e como nos relacionamos com o mundo ao nosso redor. 

Neste artigo, exploraremos a importância do autoconhecimento e da comunicação autêntica, alinhada à personalidade, para profissionais que desejam aprimorar suas habilidades, transmitir ideias de forma clara, fazer uso da escuta ativa e potencializar as suas relações interpessoais.

Mas, antes de avançarmos, faço um convite para que você pare por um instante e se permita o momento de uma breve reflexão sobre os seus sons, gestos, visual, postura. Você está confortável com eles? Eles estão em harmonia? E você sabe o que cada um deles revela sobre você?

A palavra “Comunicação” vem do latim “Comunicare”, que significa partilhar, participar algo, tornar comum. Portanto, a comunicação é um processo complexo, que envolve a troca de informações e conhecimentos entre dois ou mais indivíduos. E para que este processo seja eficaz, a mensagem deve ser formulada, transmitida, recebida e compreendida. 

Na comunicação verbal, porém, como disse acima, ao emitir o som, há muito mais aspectos perceptíveis aos olhos do receptor, do que meramente as palavras pronunciadas. Assim, te convido a conhecer o que eu batizei de “Princípio da Comunicação Verbal Autêntica”, um estudo que considera ainda outros pilares além do já tradicional “palavras, tom e gestos”, pois entendo que ao tratamos de indivíduos, há ainda outras etapas fundamentais que devem ser consideradas para uma comunicação efetiva, e eu as revelarei agora para você:

Autoconhecimento: A base da comunicação eficaz
Para podermos nos comunicar de maneira eficaz com os outros, é essencial entendermos a nós mesmos em um nível profundo. O autoconhecimento envolve uma reflexão honesta sobre nossos valores, crenças, fortalezas, limitações e padrões de comportamento. 
Conhecer-se a si mesmo é como olhar no espelho da alma e reconhecer a verdade que reside dentro de você. Ao se permitir esta ação, você será capaz de tornar consciente o ato de comunicar ideias alinhadas à sua personalidade, de forma autêntica e congruente, proporcionando bases mais sólidas para relacionamentos interpessoais saudáveis e produtivos.

Comunicação verbal além das palavras
A escolha das palavras desempenha um papel crucial na forma como somos percebidos pelos outros. Mas, avance um pouco mais, e entenderá que o conjunto de escolha destas palavras formará o vocabulário que você utiliza no seu dia a dia e na suas relações interpessoais, e ele é tão poderoso, que é capaz de te conectar a um grupo de pessoas, ou te desconectar de outro, nas suas primeiras frases. 
Perceba que muitas vezes nos utilizamos de palavras e expressões diferentes em um ou outro ambiente. E eu não estou me resumindo à relação trabalho x casa, mas sim a todos os ambientes que frequentamos. Na linguística existem cinco níveis de linguagem: Norma Padrão ou Culta, que é o uso correto das estruturas gramaticais; Linguagem Coloquial, que possui um estilo mais informal e espontâneo; Regionalismo, que está relacionado à região onde a pessoa nasceu ou vive; Gírias, que é encarado como um meio de expressão cotidiana; e Linguagem Vulgar, que não faz uso das estruturas gramaticais, e cujo objetivo é meramente fazer-se entender.

Muito se fala na escolha de palavras na transmissão da sua mensagem. Mas pense um pouco além, e verá que as palavras que você opta por utilizar compõem a mensagem que você transmite; já o vocabulário e o nível de linguagem que você decide adotar, evidenciam a sua postura e posicionamento.

Por isso, tanto a escolha das palavras, como o vocabulário construído e o nível de linguagem, precisam estar em alinhamento ao que você é e ao que você intenciona transmitir, pois eles irão influenciar a percepção que os outros têm de você e o quanto a sua mensagem os impactará ou não. 

O tom e a arquitetura das ideias
Mesmo interessadas em comunicarem-se bem, muitas pessoas limitam-se normalmente à lógica do pensamento e escolha das palavras, quando a definição do tom e do que chamo de ‘arquitetura de ideias’, são tão ou mais importantes. 

O tom é a sua identidade, e dentre os diversos tons existentes – formal, irônico, cômico, apaziguador, motivador, e tantos outros – deve ser pensado com critério, pois é ele que definirá a abordagem e promoverá a conexão com o ouvinte. 

Fazer-se entender é responsabilidade do emissor e, portanto, cabe a ele também ter consciência de qual recurso usar em cada momento. Ao desenvolvermos a habilidade de adaptar nosso tom de voz e escolha de palavras ao contexto e ao público-alvo, podemos nos tornar comunicadores mais eficazes e persuasivos. Repare que é possível transmitir a mesma mensagem, utilizando palavras e tons diferentes, alinhados ao seu receptor. 


O corpo fala e emite a todo momento pistas não verbais
O estudo de Mehrabian, mais conhecido pela “regra dos 7%-38%-55%”, sugere que o que é dito, ou seja, as palavras utilizadas, impacta em 7% o que foi comunicado; já o tom de voz comunica 38% da mensagem; e, por fim, a linguagem corporal é responsável por 55% da comunicação. 
Isso significa que a comunicação não verbal fala mais alto do que as palavras, ou mesmo o tom de voz que usamos. E, normalmente, ao se iniciar um processo de comunicação, o gestual é o ponto de menor atenção e controle por parte do comunicador, uma vez que o processamento cerebral para a realização dos movimentos é tão rápido que, para nós, eles acontecem quase que de forma automática. 

Por exemplo, uma postura ereta e um contato visual firme podem transmitir confiança e autoridade, enquanto gestos exagerados, mesmo na intenção de transmitir confiança, podem sugerir insegurança. A nossa postura, gestos, contato visual, expressões e micro-expressões faciais transmitem uma riqueza de informações sobre os nossos sentimentos e intenções.
Ao nos tornarmos conscientes de nossa linguagem corporal, podemos ajustá-la para comunicar mensagens mais poderosas e assertivas, influenciando o nível de confiabilidade no que estamos comunicando.

O seu conhecimento define o seu repertório
Você já ouviu a frase “pessoas interessantes, normalmente são pessoas interessadas”? Confesso que, mesmo de forma inconsciente, esta frase norteou a minha vida. Fui uma criança curiosa sobre o mundo, me tornei uma adolescente observadora e questionadora, e uma adulta estudiosa e pesquisadora. Quando o termo lifelong learning (ou aprendizado contínuo) começou a ganhar espaço, percebi o quanto esta atividade já era realidade ao longo de toda a minha vida, através dos inúmeros livros, webinarios e cursos em instituições, ou mesmo aqueles mais básicos e democráticos, para aprender uma ou outra habilidade ou esclarecer curiosidades.

Aqui não estamos falando de obesidade mental, acumulando milhares de informações sem uso, mas sim, de entender que o conhecimento vasto permite pensamentos mais profundos, questionamentos indiretos e reflexões que um pensamento linear não alcançaria.

Deste modo, caso o aprendizado contínuo não esteja na sua rotina, escolha um assunto que te interesse e se aprofunde nele, com leituras, podcasts, tutoriais, cursos e tantas outras fontes de informação disponíveis. Ao dar o primeiro passo, persista, reservando um tempo para a prática. Aos poucos ela se tornará natural na sua vida e, sem perceber, você estará ampliando o seu repertório e fazendo uso de todos os benefícios que citei acima.
     
Posicionamento, autenticidade e congruência
Por fim, a chave para uma comunicação verdadeiramente eficaz está em alinhar todas essas facetas – autoconhecimento, comunicação verbal, tom de voz, linguagem corporal e repertório – com a sua essência. Quando nos comunicamos de maneira autêntica e congruente, transmitimos uma sensação de integridade e confiança, que ressoa com os outros. 
Esse alinhamento entre a nossa identidade e a nossa expressão externa nos permite construir relacionamentos genuínos e duradouros, tanto no ambiente profissional quanto pessoal, pois ao contrário do que muitos pensam, o autêntico não é meramente o espontâneo, ele é fruto da consciência e intencionalidade que, por estarem alinhadas à essência, permite a espontaneidade adequada.”

Por: Letícia de Freitas e Castro



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